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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Cristãos fazem declaração pelos 20 anos do massacre na China


CHINA (12º) - Uma declaração sem precedentes sobre o massacre do dia 4 de junho de 1989 na Praça da Paz Celestial foi liberado por mais de 80 líderes chineses. A declaração era um pedido por perdão, arrependimento, verdade, justiça e reconciliação. A maioria dos signatários estava envolvida diretamente com o movimento estudantil e sofreu severas perseguições nas mãos das autoridades por conta de seu engajamento. Após o massacre, o fracasso do movimento e sua busca pela verdade, esses antigos líderes encontraram a realidade e a esperança em Jesus Cristo.

Em sua declaração, os agora líderes cristãos, se pronunciaram sobre como o massacre “Fez com que seu senso de justiça despertasse e destruiu os sonhos de uma utopia na terra”. Durante a crise, eles viram que não eram apenas “Espectadores inocentes dos pecados cometidos e da tragédia acontecida”. O manifesto declara: “Em relação à natureza pecaminosa, percebemos que não somos diferentes daqueles que tomaram as decisões, dos comandantes ou dos negociantes do massacre”, com a exceção de que encontramos a graça e o perdão de Deus. A declaração convoca os cristãos chineses a buscar a reconciliação sob o argumento de que a verdade seja revelada e a justiça feita. A declaração traz uma lista com algumas ações específicas a serem tomadas, incluindo: confissão de pecados de silêncio e hipocrisia; revelação da verdade; ajuda àqueles que ainda sofrem por causa da tragédia e oração pelas autoridades chinesas. Os signatários também pedem que as autoridades chinesas investiguem o massacre, compensem e cuidem das famílias das vítimas.

O Massacre da Praça da Paz Celestial, conhecido na China como “o incidente de 4 de junho”, foi o trágico fim de um movimento estudantil e intelectual que pedia por liberdade de imprensa e por um diálogo entre autoridades e representantes eleitos pelos estudantes. Entre os dias 15 de abril e 4 de junho, aproximadamente 10 mil cidadãos chineses, a maioria deles estudantes universitários, protestaram pacificamente na famosa Praça da Paz Celestial, em Beijing. No dia 4 de junho, o governo chinês enviou tanques blindados e, como assistido pelo mundo inteiro, matou centenas de manifestantes. De acordo com o governo chinês, o número de mortes foi entre 200 e 300. Entretanto, a Cruz Vermelha chinesa estima que o número de mortos seja de 2.000 a 3.000. Mais de 10 mil cidadãos chineses de todo país que estavam envolvidos no movimento foram condenados a morte pelo governo como uma forma de retaliação. O dia 4 de junho de 2009 marcará os 20 anos do massacre.

Bob Fu, presidente e fundador do ChinaAid, foi um dos líderes estudantis do movimento na Praça da Paz Celestial. “O fato de que o massacre tenha acontecido há 20 anos e o governo ainda não permitir que haja nenhuma celebração deveria ser visto pela comunidade internacional como um indício de que a estrada para a liberdade do povo chinês não é fácil”, declara ele. “Nos sentimos encorajados porque a Igreja Perseguida na China e seus líderes estão sendo despertados para o arrependimento por seu silêncio em relação ao massacre e se movendo em direção a uma justiça e reconciliação verdadeiras”.

A declaração contém, ainda, um pedido para que todas as igrejas cristãs chinesas, dentro e fora do país, orem entre os dias 12 de maio – o aniversário de terremoto Sichuan – e 4 de junho – aniversário do massacre. Eles pedem para que as igrejas façam dos dias 12 de maio a 4 de junho o periodo de “oração pela China” e para que preparem reuniões especiais de oração durante esse período.

ChinaAid convova a comunidade internacional para se posicionar junto aos signatários da declaração – orando por e com eles e agindo por uma reconciliação verdadeira.

Tradução: Priscilla Figueiredo

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Conectado com a esperança

John Ortberg fala sobre como igrejas locais podem controlar e prevenir a depressão.
Jonh Ortberg é um pregador popular e autor. O que muitos não sabem é que além de ter um M.Div, Ortberg também é Ph.D. em Psicologia pelo Seminário Teológico Fuller e escreveu dois livros sobre depressão. Quem melhor para entrevistar, então, sobre como a igreja local pode responder melhor a essa doença debilitante, do que o pastor da Igreja Presbiteriana de Menlo Park na California?
CHRISTIANITY TODAY - Como as igrejas podem ajudar as pessoas a entender melhor a depressão?Jonh Ortberg - Vivemos em dias onde pessoas tendem a usar a linguagem psicológica para questões espirituais.
Mas existem linhas divisórias não claras entre o que é fisiológico, o que é psicológico e o que é espiritual. Estas são linguagens dominantes que fazem sentido e têm integridade, mas coincidem significativamente.É importante para as igrejas admitir essa complexidade. O que influencia nosso comportamento, e o que nosso nível de responsabilidade é, são questões muito complexas. E em todo tempo tentamos tornar isso simples, não servimos bens as pessoas.
O que o ministério da Menlo Park faz para as pessoas depressivas da congregação?Um dos ministérios mais apreciados na nossa igreja é nosso ministério HELP (“Esperança, Encorajamento, Amor, Oração”) para quem está sofrendo de questões de saúde mentais e emocionais. Tem envolvido um grupo de suporte para eles e suas famílias. Essas pessoas irão dizer que a coisa mais importante para elas é fazer parte de uma comunidade onde outras pessoas dividem as mesmas lutas, falam a mesma linguagem e são capazes de suportar as cargas dos outros.
A conscientização desse ministério tem se propagado sobretudo na palavra dos lábios, apesar de periodicamente alguém que faz parte do HELP contar sua história para a nossa igreja.
Por que vocês têm pessoas que contam essas histórias publicamente?Em qualquer hora que você nomeia a condição humana, a experiência humana e a realidade do sofrimento, tem um jeito de ser iluminador e prestativo para cada pessoa que ouve isso, mesmo se ele ou ela possam não lutar dessa forma. Quando você ouve a história, quando você vê a face, a epidemia da depressão vai de uma estatística num artigo da revista Time para uma pessoa real, e isso expande o seu coração.
A Menlo Park tem um programa de aconselhamento formal? Nós temos o ministério HELP, o ministério Stephen, e um ministério de diáconos que providenciam vários níveis de cuidado. Também nos referimos a essas pessoas como conselheiros profissionais, e provemos financiamento do nosso comitê de benevolência, se isso for necessário, para ajudar as pessoas a começar. Em geral, igrejas têm se afastado de tentar fazer trabalho um por um para fazer mais pequenos grupos, porque eles são capazes de ajudar a mais pessoas desse jeito e porque é mais acessível.Então você pensa que as igrejas locais são melhores servidas pelo trabalho externo um por um?
Eu penso que é necessário. Se igrejas se envolvem pesadamente em prover cuidado um por um para pessoas severamente angustiadas, isso é um recurso intensivo que limita grandemente o número de pessoas que você pode ajudar. E desenvolver uma forte rede de remessa é uma parte significante do ministério da igreja. Que medidas preventivas a igreja pode tomar?Quando igrejas estão sendo eficazes em criar comunidades autênticas onde uma conexão íntima é oferecida, isso é a maior contribuição que podem fazer.
Uma socióloga clínica chamada Janice Egeland fez uma pesquisa realmente interessante sobre depressão entre os Amish. Uma das suas descobertas foi que as taxas de depressão reativa são significantemente mais baixas entre os Amish do que entre todos os outros segmentos da população. Em comparação, entre os evangélicos como um todo, não existe diferença virtual na incidência de depressão reativa comparada com a população em geral. Parte da explanação é que nós, evangélicos, somos muito mais parte da nossa cultura, e temos caminhos para criar uma comunidade onde pessoas estão tão conectadas que há uma diferença significante na incidência da depressão.
Os Amish, é claro, têm grandes dores por se separar da cultura externa. Para evangélicos como um todo, a separação tão radical é não provável. Vemos nosso chamado para estar “no mundo, mas não ser dele”. No entanto, é possível estar no mundo, como muitos evangélicos estão, mas ainda fazer parte de uma comunidade que é alternativa o bastante que mudaria de verdade a incidência de depressão? Esse seria um experimento realmente interessante.
Copyright © 2009 por Christianity Today International
(Traduzido por Sulamita Ricardo)













sábado, 16 de maio de 2009

Jovem professor cristão é sequestrado

IRAQUE (16º) - Na manhã do dia 14 de maio de 2009, um grupo armado invadiu uma escola primária em Kirkuk e levou um jovem professor cristão. Namir Nadhim Gourguis tem 32 anos, solteiro e vem de uma família humilde.

Quatro pessoas invadiram a escola no bairro de Ruwaidha, e sequestraram o professor. Eles já pediram o resgate: “Uma grande quantia, que a família não pode pagar”, afirma uma fonte local.

Em uma tentativa de salvar a vida desse jovem, o arcebispo de Kirkuk, Louis Sako, apelou para que os xeiques e os imãs na área ajudem a libertá-lo. Espera-se que “Essas tentativas de mediação resultem na libertação dele”.

A comunidade cristã tem sido o alvo desses grupos criminosos que realizam os sequestros por extorsão. Há alguns dias, um jovem foi assassinado na porta de casa; outras três pessoas foram baleadas. Os criminosos veem os cristãos como alvo fácil, pois ao contrário dos árabes e curdos, eles não são protegidos pela comunidade, familiares ou pela polícia.

Tradução: Deborah Stafussi
Fonte: AsiaNews

terça-feira, 12 de maio de 2009

Escola Bíblica SETIA resiste, mesmo realizando aulas em abrigos

INDONÉSIA (41º) - Desde novembro de 2008, cerca de 1.000 estudantes e a equipe da Escola Teológica de Arastamar (SETIA) foram evacuados por causa de um violento ataque feito por extremistas muçulmanos. Sem ter como voltar ao campus, eles permanecem em abrigos. O governo da cidade prometeu conseguir um novo local para a escola, mas isso ainda não cumpriu a promessa.

Os estudantes estão espalhados em três lugares de Jacarta. Pelo menos 450 deles vivem em tendas em um espaço para acampamentos em Cibubur, 250 vivem em um complexo estatal em Kalimalang e outros 500 em um espaço pertencente ao escritório da prefeitura de Jacarta.

Os estudantes enfrentam desafios diários: “A chuva quase fez desmoronar nossa tenda já frágil. À noite, nós nos sentimos como se nosso corpo fosse ‘um’ com o chão”, disse uma jovem estudante de Cibubur. Devido às fortes chuvas dos últimos meses, alguns estudantes ficaram com febre, gripe, tosses e dores na garganta. Nenhum dos abrigos não possui uma infraestrutura decente.

No espaço da prefeitura de Jacarta, às vezes, os estudantes esperam por horas para conseguir usar o banheiro, e é muito difícil conseguir água potável.

Embora privados de uma vida confortável, os líderes da SETIA, a equipe e os estudantes mantiveram o espírito e se fixaram na visão e na missão que Deus confiou a eles: alcançar a outros. Eles comemoram o Natal e a Páscoa. Um estudante disse: “Nos sentimos mais próximos do Gólgota nesta Páscoa. O ambiente simples nos comoveu. Era como se pudéssemos ouvir Jesus dizendo: ‘Venha e sofra comigo’”.

Apesar das incertezas, em dezembro de 2008, a SETIA ainda fez a cerimônia de formatura dos alunos, enviando centenas de estudantes para pregar o evangelho nas cidades distantes do país. As aulas são feitas ao ar livre, geralmente sob a sombra das árvores. No entanto, as aulas têm que ser interrompidas sempre que começa a chover. Nesse momento, os estudantes correm de volta para suas tendas para procurar abrigo.

Um dos professores declarou: “Nós nos sentimos como se estivéssemos no primeiro século, fazendo o que Jesus fazia, ensinando nos vales ou debaixo das árvores, em qualquer lugar. Abraão também viveu em tendas e, mesmo assim, se tornou um canal de Deus para abençoar muitas nações”.

Aris, um aluno da Ilha Nias, que está no terceiro ano, falou a respeito de suas esperanças: “Isso é um teste para nossa fé que irá nos preparar para os desafios futuros na vida e no ministério”.

A escola tem mantido sua rotina. O diretor da SETIA, o Rev. Matheus Mangentang, relatou que todos têm mantido a vida disciplinada que tinham: “Antes da evacuação, os estudantes acordavam cedo, frequentavam os cultos, oravam, jejuavam, faziam tarefas do dia-a-dia, enfim, estavam preparados para enfrentar dificuldades. A disciplina é o fruto do verdadeiro discípulo. Não queremos perder isto, mesmo que tenhamos que continuar a viver em abrigos ou tendas”.

A população local proibiu a SETIA de voltar às antigas instalações. Os líderes da escola estão procurando um novo local. Em 2008, a Portas Abertas distribuiu alimentos e bebidas para mais de 1.100 alunos e equipe, levou uma pequena mensagem de encorajamento para eles e os ajudou a equipar uma cozinha (necessidade urgente deles à época).

Tradução: Texto traduzido pela fonte

Missão Portas Abertas / http://www.portasabertas.org.br/

terça-feira, 5 de maio de 2009

Canal de TV exibe documentário difamando Cristãos

Em 17 de maio de 2008, o Canal Um da TV uzbeque transmitiu um documentário de 90 minutas chamado “Nas garras da ignorância”. O programa trata de diversas minorias religiosas no país, mas o foco está nas atividades de cristãos uzbeques e de missionários estrangeiros.

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O programa foi recomendado para funcionários públicos e estudantes de todo o país. A liderança acadêmica do Conservatório Federal do Uzbequistão insistiu para que professores e alunes assistissem ao documentário.

Os policiais, de igual modo, foram aconselhados a assistir. Na verdade, a polícia colaborou com a produção do documentário, disponibilizando cenas de operações policiais em cultos.

Líderes de 26 congregações protestantes em todo o Uzbequistão decidiram enviar uma carta aberta ao presidente, pedindo seu auxílio para interromper a difamação e o ataque cruel.

A carta também foi enviada a agências estatais, grupos de comunicação e de direitos humanos.

Entretanto, a exibição do documentário continua, e piorou: a cada dia, ele é exibido em um canal diferente. Chegou a ser transmitido pelo canal de esportes do país, em horário nobre, antes do Campeonato Europeu de Futebol.

Já se produziu e distribuiu o documentário em DVDs, vendidos no Uzbequistão e Rússia.

Afirmações preconceituosas e excêntricas

Segundo o “Nas garras da ignorância”, os cristãos são contra o islamismo e têm o plano de converter toda a região ao cristianismo. O documentário afirma também que os cristãos não são cidadãos confiáveis e que aqueles que traem o islamismo, abandonando-o, podem facilmente trair o país também.

Questões econômicas ganham destaque. O programa afirma que líderes cristãos têm seus próprios interesses materiais, e que muçulmanos abandonam a fé só pelo dinheiro. Vários pastores são acusados de atividades criminosas, como roubo.

Os missionários também são mencionados, e diz-se que são tão perigosos quanto terroristas. No filme, enfatiza-se que há uma nova lei que proíbe qualquer forma de atividade missionária. Essas atividades são mencionadas como um “problema global”, tão perigosas quanto fundamentalismo religioso, terrorismo e uso de drogas.

Os cristãos protestantes são ligados a seita satânicas que realizam sacrifícios humanos e a Hare Krishnas. Os batistas, em especial são considerados uma seita cristã herege .

Segundo o programa, crianças e jovens devem receber proteção especial contra a influência dessas “seitas”. Líderes locais afirmam que os jovens estão sendo submetidos a uma “lavagem cerebral”, e estão traindo a fé dos seus antepassados. “Eles aprendem a não ouvir seus pais e a viver de forma diferente. O governo deveria prestar atenção em o que nossos jovens estão se envolvendo e deter esses missionários cristãos!”

Há também algumas informações excêntricas. O documentário afirma que “igrejas protestantes usam substâncias alucinógenas” e que pessoas que aceitam receber aulas, livros e Bíblias se tornaram “zumbis”, como os seguidores dessas “seitas”.

Por fim, cristãos que renunciaram Jesus falam contra o cristianismo no programa. Uma senhora disse que seu pastor a ameaçou caso ela se recusasse a lhe dar dinheiro.

Por que as autoridades fazem isso?

Comentários feitos durante o filme enfatizam a influência política dos cristãos. Alguns disseram que várias revoluções que trouxeram mudanças políticas em países africanos e na Ucrânia teriam sido iniciadas por cristãos protestantes.

“O governo não quer tais revoltas políticas; é por isso que busca reprimir qualquer forma de liberdade”, disse um pastor.

Por temer revoltas e instabilidade, todas as atividades religiosas, tanto islâmicas como cristãs, são estritamente monitoradas e controladas pelas autoridades.

Nazarov, um famoso imame uzbeque, afirma: “É como nos tempos soviéticos. Também tínhamos igrejas e mesquitas em todo lugar. Mas, na verdade, elas operavam sob estrito controle do governo”.

A exibição do programa tem trazido graves consequências aos cristãos uzbeques e suas igrejas.

Um pastor e seu assistente foram ameaçados pelas forças de segurança de Tashkent. “Não acho que eles vão me deixar em paz. Talvez eu tenha que sair do país em um ou dois anos.”

Uma terceira pessoa, apresentada no documentário, mudou-se para outra região do país e foi imediatamente identificada por estranhos. “Foi muito desagradável. Senti como se não tivesse privacidade.”

No dia seguinte à primeira exibição do programa, a congregação batista de Gulistan foi invadida pela polícia e por funcionários do governo, exigindo que o pastor interrompesse o culto. Todos os presentes foram fichados e ameaçados. A igreja foi proibida de se reunir até receber uma autorização do Estado.

“Vemos que nosso governo deseja intimidar as pessoas. Depois desse filme, os cristãos foram mais perseguidos e pressionados tanto pela família como pelos colegas de trabalho. Logo depois do programa, meu sogro, que é muçulmano, me telefonou e convocou para termos uma conversa séria. Quando cheguei, ele tentou me dissuadir do cristianismo. Ele temia que a polícia descobrisse sobre minha religião e me colocasse na cadeia. Ele também temia ser envergonhado se as pessoas descobrirem que a família dele é cristã.”

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Mais do mesmo

Crescimento da Igreja Mundial do Poder de Deus expõe a disputa por fiéis no neopentecostalismo brasileiro.

São seis horas da manhã de um domingo e algo anormal acontece na região central da cidade de São Paulo, geralmente deserta no primeiro dia da semana. Veículos e pedestres disputam lugar na Rua Carneiro Leão, que abriga a sede da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), a mais nova denominação neopentecostal de grande porte a surgir no cenário brasileiro. Dentro do enorme salão, antes utilizado por uma fábrica e agora chamado Templo dos Milagres, cerca de 15 mil pessoas parecem hipnotizadas pelo discurso do homem de meia-idade, negro e alto que está sobre o palco. O cenário lembra uma mistura de romaria católica, com fiéis segurando esperançosamente fotos de parentes, carteiras profissionais e garrafas de água – objetos que mais tarde serão ungidos –, e arena de boxe, com refletores e câmeras de tevê iluminando o tablado central. Não se pode perder uma cena sequer – afinal, todo o material gravado vai ao ar nos diversos horários que a igreja ocupa na tevê. O foco das atenções é Valdemiro Santiago de Oliveira, 45 anos, o apóstolo da denominação. Com inconfundível sotaque mineiro – é natural da pequena cidade de Palmas, interior de Minas Gerais –, o pregador movimenta-se de um lado para o outro, com bom domínio de cena.

Entre suas pregações feijão-com-arroz, ele se define, rindo, como “roceiro” e “comedor de angu”. Abraça as pessoas, chora com elas e derrama grossas gotas de suor, prontamente enxutas com uma toalhinha que depois é disputada pelos fiéis. Microfone em punho, Valdemiro entrevista pessoas da platéia. Testemunhos de cura de câncer, Aids, surdez, miopia se misturam a relatos de famílias restauradas, filhos que largaram as drogas e empregos que caíram do céu, tudo contado sob forte emoção. Tanta efervescência tem feito com que a Igreja Mundial cresça e apareça. Nascida há pouco mais de dez anos, em Sorocaba (SP), a denominação já alardeia possuir 500 templos em quase todo o país, além de representações em Portugal, Espanha, Japão e Moçambique, bem como nos vizinhos Uruguai, Argentina e Colômbia. Não se tem estatística confiável sobre o número de membros, mas os templos surgem aos borbotões pelos centros urbanos, repetindo o que aconteceu, em tempos idos, com duas outras gigantes neopentecostais: a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), surgida em 1977, e a Igreja Internacional da Graça de Deus, fundada em 1980 como dissidência da primeira.

O avanço da IMPD chama a atenção de especialistas, que já enxergam uma inevitável concorrência. “O crescimento da Igreja Mundial põe em evidência uma feroz disputa por fiéis”, opina o professor Ricardo Bitun, doutor em ciências sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Autor da tese Igreja Mundial do Poder de Deus: Rupturas e continuidades no campo religioso neopentecostal, o especialista diz que o aparecimento da denominação trouxe à tona um controvertido fenômeno entre os evangélicos que materializa aquela máxima de que “nada se cria, tudo se copia”: “Encontrei muitos pastores, não só entre os da Mundial, que imitam os trejeitos de Valdemiro. Falam com o mesmo sotaque mineiro, andam pelo púlpito, apertam os fiéis entre os braços”, observa.
Além da clonagem de estilo, que se assemelha ao processo que ocorre na Universal – onde os pastores imitam a voz e até os gestos manuais do líder supremo, bispo Edir Macedo –, Valdemiro Santiago tem muito mais a ver com a Iurd. Foi lá que ele se converteu e foi lançado no ministério religioso, pelas mãos do próprio Macedo. Durante 18 anos, militou na Universal, primeiro como pastor, e depois bispo. Foi missionário e ajudou a expandir as fronteiras da denominação na África.

“Mochileiros da fé” – O dirigente da IMPD dá muita ênfase ao relato de um salvamento no Oceano Índico, narrado em seu livro O grande livramento. Ele conta que só não se afogou porque foi resgatado por anjos. “A narrativa espetacular, de alguém que foi salvo da morte, fortalece sua imagem de homem de fé e valoriza seu discurso”, observa Bitun, deixando claro que não questiona se a história é verdadeira ou não. O motivo da saída de Valdemiro da Universal teriam sido desentendimentos acerca da nomeação de novos bispos para a cúpula da igreja, processo que o próprio Macedo faz questão de capitanear pessoalmente. Fato é que uma pequena reunião domiciliar com outras dezesseis pessoas, entre as quais a mulher de Valdemiro, Franciléa, e as duas filhas, Rachel e Juliana – mais tarde alçadas aos cargos de, respectivamente, bispa, missionária e ministra de louvor –, logo começou a expandir suas tendas. Um salão alugado aqui, um cinema adaptado ali, e a Mundial foi crescendo, visando à mesma fatia de público que a Universal e a Graça: as classes de C para baixo.

“É o que chamo de mochileiros da fé. Há muitos membros egressos da Graça e da Universal, inclusive pastores e obreiros”, continua Ricardo Bitun, que também é pastor e professor de ciências da religião na Universidade Mackenzie. A disputa por almas entre as três denominações já se faz sentir de maneira intensa. As provocações contra outras igrejas são, de certa forma, incentivadas pelo apóstolo da IMPD. É comum ele entrevistar pessoas que narram suas frustrações em outras igrejas e suas conquistas na Mundial. “Ele diz: ‘Lá não aconteceu, é? Vem pra cá, Brasil, aqui o milagre acontece’. É uma forma de dizer que apenas ali e, não nas concorrentes, está a bênção”, conclui Ricardo Bitun. Não por acaso, “Vem pra cá, Brasil”, é o bordão da programação televisiva da Mundial.

Valdemiro se diz perseguido por líderes evangélicos e políticos. Diz que querem fechar suas igrejas e tirá-lo da televisão. Sem mencionar o nome, faz menção a um pregador muito “educadinho”. “Ele diz ser missionário”, provoca o líder da Mundial, numa clara alusão ao fundador e dirigente da Igreja da Graça, Romildo Ribeiro Soares, o R.R.Soares, outro que faz da telinha um púlpito para entrar em milhões de lares pelo Brasil afora (ver abaixo).

Animosidade – Milagre é o assunto predileto de quem vai à Igreja Mundial do Poder de Deus. A maioria dos fiéis diz ter uma história para contar. “Ele é um homem ungido”, diz Isabel Clementino Ferreira, 52 anos, referindo-se a Valdemiro. Como prova da cura que diz ter recebido, gesticula amplamente os braços. “Tinha tantas dores que não conseguia fazer esses movimentos”, explica. Ao lado, as pessoas assentem com a cabeça. A comerciária Ângela Maria Marques da Silva, 53, chega para a conversa e começa a contar sua história de três anos na Igreja Universal, onde, segundo ela, nunca recebeu “a bênção”. “Aqui, com o apóstolo, fui curada de uma hérnia de disco e um mioma no útero. Quando ele chega, dá para sentir uma presença diferente no lugar”, acredita, reverente.

A mulher abre sua pequena Bíblia e lê a passagem de Mateus 24, onde Jesus afirma que derrubaria o Templo de Jerusalém e o reconstruiria em três dias, numa alusão à sua morte e ressurreição. “Sabe o que é isso? São os falsos profetas. Vê só a Renascer que desabou. Aqui, é diferente”, diz, com orgulho. A tragédia, ocorrida no dia 18 de janeiro, quando o templo-sede da Igreja Renascer em Cristo, também em São Paulo, veio abaixo, provocou a morte de nove crentes. A animosidade demonstrada pelos membros da Mundial é um eco do que é dito em seu púlpito. Em recente programa de tevê, Valdemiro se queixou que o “pastor educadinho” teria articulado com políticos maranhenses para que ele não pudesse usar o ginásio municipal da capital daquele estado, São Luís, para seus cultos. “Mas foi melhor, fizemos na praça e reunimos muito mais pessoas que caberiam no ginásio”, desdenha. Procurada por CRISTIANISMO HOJE para dar sua versão sobre o acontecido, bem como responder às insinuações do líder da Mundial, a Igreja da Graça não retornou os contatos da reportagem. Da mesma forma, a Igreja Universal, embora tenha solicitado que as perguntas fossem feitas por e-mail, não respondeu questionamentos acerca de suposta evasão de seus fiéis em direção à IMPD.

Hierarquicamente subordinado a Valdemiro, o pastor Ronaldo Didini é o homem forte da IMPD. Só que, ao contrário do chefe, que se reconhece simples e de pouca instrução, Didini é articulado, preparado e tem extrema vocação empresarial. É ele que está à frente da expansão corporativa da igreja, inclusive dando as cartas quando o assunto é televisão. Com passagem fulgurante pela Universal, onde se destacou como apresentador do extinto programa 25ª Hora, exibido pela Rede Record e que marcou época na TV evangélica brasileira, Didini também passou pela Graça, tendo ajudado a consolidar a igreja de Soares na Europa. Mais tarde, fundou lá a própria denominação, a Igreja do Caminho, mas pouco mais de três anos depois estava de volta ao Brasil.

Didini conta que chegou em situação dificílima e que foi Valdemiro quem lhe estendeu a mão. Agora, faz questão de destacar as qualidades da casa nova. “A Mundial representa um movimento autêntico de fé”, afirma. “Nosso culto tem três horas e meia e não se vê o apóstolo pedir mais do que 15 minutos de oferta”, argumenta, numa crítica nada velada à Iurd, cujos cultos promovem verdadeiros leilões de bênçãos. Ele admite que esteve “cego” no passado, em relação à teologia da prosperidade – doutrina que fundamenta a atuação das igrejas neopentecostais e que foi pregada durante anos pelo próprio Didini e por Valdemiro, que agora a definem como “coisa do demônio”.

Pressão pelo dinheiro – O pesquisador Paulo Romeiro, doutor em ciências da religião pela Universidade Metodista e dirigente da Agência de Informações Religiosas (Agir), reconhece que a igreja de Valdemiro tem características que a diferem das organizações similares. “Sua metodologia diverge da praticada por outros líderes de igrejas neopentecostais. A maioria das pessoas que frequentam a Mundial é composta por gente simples, mas que se identifica com seu líder, que senta-se ao lado delas, abraça e chora com seus fiéis”, analisa. “Eu o comparo com o movimento que David Miranda, da Igreja Deus é Amor, e Manoel de Mello, de O Brasil para Cristo, fizeram entre os anos 1950 e 60, época da segunda onda do pentecostalismo brasileiro, baseado nas curas divinas – com a diferença de que está melhor preparado em termos de conhecimento e não enfatiza usos, costumes e doutrinas”, comenta Romeiro, que é pastor da Igreja Cristã da Trindade, na capital paulista.

No entanto, o estudioso acha que a Mundial já dá sinais de que logo será mais do mesmo. “O ministério de Valdemiro, assim como outras igrejas, direcionará suas ações pastorais para as necessidades imediatas das pessoas”, prevê. Ele lembra que a Mundial também usa símbolos de fé, como o copo de água, a rosa e o pão abençoado. “Isso é copyright da Universal”, brinca. Autor do livro Teatro, templo e mercado: Organização e marketing de um empreendimento neopentecostal (Editora Vozes), o professor Leonildo Campos, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, concorda: “De todas as dissidências da Universal, apenas a Igreja da Graça e a Mundial do Poder de Deus ‘deram certo’ nesse complicado processo de clonagem e de reprodução de igrejas e fórmulas semelhantes”, avalia.

Na visão do estudioso, o que está em jogo para a Mundial é sua consolidação no mercado religioso brasileiro – no que, a propósito, iguala-se às igrejas que tanto critica. “Esses novos empreendimentos religiosos, ao empregarem a visão de mercado, desenvolvem mecanismos de competição apropriados para tempos de pluralismo e diversidade religiosa na geração de sua própria marca publicitária.” Nesta análise, a Igreja Mundial é apenas mais do mesmo – “No neopentecostalismo, está cada vez mais difícil separar o novo do velho. Na disputa por um lugar ao sol, Valdemiro tem mais é que bater nos demais pentecostais ou evangélicos tradicionais.” Leonildo lembra outro ponto comum entre as denominações dessa linha teológica: a pressão pelo dinheiro, fundamental na manutenção dos enormes aparatos de mídia que montaram. O estudioso estima que o gasto mensal da IMPD com televisão chegue aos 5 milhões de reais mensais, embora o montante e a origem do dinheiro arrecadado sejam guardados sob sigilo absoluto. “A pressão pelo dinheiro já levou a uma monetarização dos cultos em vários grupos neopentecostais. Aqui, o milagre não acontece sem que os pastores, bispos ou apóstolos peçam dinheiro.”

Telinha disputada

Desde que assumiu 22 horas diárias na programação do Canal 21, da Rede Bandeirantes, Valdemiro Santiago, apóstolo da Igreja Mundial do Poder de Deus, evidenciou algo que até então era pouco falado: a guerra pela audiência evangélica na tevê brasileira. Além do Canal 21, a Mundial ocupa espaços na Bandeirantes, na Rede TV! e na Rede Boas Novas. A voracidade pela telinha se explica. Desde a década de setenta, quando televangelistas americanos como Pat Robertson, Rex Humbard e Jimmy Swaggart fizeram sucesso entre os crentes brasileiros, a TV se revelou o melhor espaço para ganhar almas para Cristo e fiéis para as igrejas.
O veterano missionário R.R.Soares está no ar desde 1980. Atualmente, a Igreja da Graça tem apostado suas fichas na própria emissora, a Rede Internacional de Televisão (RIT). Com programação diversificada, que inclui cultos, jornalismo, entretenimento, debates e infantis, entre outras atrações, a RIT tem abocanhado fatia grande do público evangélico. A Graça também investe pesado em TV aberta, com diversos horários comprados na Bandeirantes, CNT e Rede TV!

Já a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) é dona da Record, a segunda maior rede da televisão brasileira. Embora o projeto de desbancar a Globo não passe de megalomania do bispo Edir Macedo – apesar de alguns triunfos sobre a rival, como a exclusividade na transmissão dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012 –, a Record tem crescido e conquistado cada vez mais telespectadores e publicidade. Na Iurd, a estratégia é adquirir espaços na grade da Record para transmitir cultos e programas apresentados por seus bispos. Além da mídia própria, a igreja também compra horários na Rede TV!
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Evangelização superada

CNBB busca novos métodos para transmitir sua mensagem no Brasil e evitar diminuição de fiéis.

Um dos assuntos mais debatidos na 47ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que aconteceu na localidade paulista de Itaici, é a dificuldade de a Igreja Católica superar os métodos ultrapassados de evangelização.

Segundo o bispo de Rondonópolis (MT), dom Juventino Kestering: “Somos parte de uma tradição de país católico que tem um pequeno número de padres, distâncias que isolam as pessoas no Brasil, a forte vivência da religiosidade popular, às vezes nem sempre com a consistência da sua fé, e também métodos de evangelização que não colaboram para provocar nas pessoas o espírito de Deus”.

“Não é A ou B o culpado. Estamos diante de uma realidade que tornou-se complexa. É preciso haver mudanças nos métodos de evangelização para que os adultos, que estão distantes, sejam atingidos”, afirmou o líder católico.

A busca de uma mensagem mais contextualizada e de uma evangelização mais efetiva é um dos desafios da Igreja Católica, que vê o seu número de fiéis diminuir em detrimento do crescimento de outras religiões, como as evangélicas.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A realidade sobre a Índia

ÍNDIA (22º) - Esta é a primeira parte do artigo intitulado A realidade sobre a Índia.

Na Índia, país predominantemente hinduísta, os cristãos são de longe uma minoria. Eles têm sido perseguidos durante anos, e no estado de Orissa, local mais tenso do país, cerca de 50 pessoas perderam suas vidas em uma onda de violência que ocorreu em 2008. Como ocorre a perseguição dos cristãos indianos? Qual é a história desses cristãos? E como se preparam para enfrentar tamanha opressão?

Escrito pelo jornalista Gerald Bruins.

Nova Déli – Na Igreja Metodista Betel, localizada na cidade de Noida, que fica na capital superpopulosa de Nova Déli, os jovens são responsáveis pelas atividades da manhã. Eles lêem as Escrituras, fazem um período de adoração, usando guitarra e bateria, e cantando musicas compostas por eles mesmos. Certa manhã, além das coisas de costume, eles encenaram uma peça. De repente, alguns jovens com mantas enroladas na cabeça e com pedaços de madeira nas mãos invadiram a igreja e bateram no “pastor”, um jovem com uma vestimenta litúrgica. Alguns cristãos foram atirados no chão. O pastor arrastou-se até o microfone e com a voz sufocada citou as conhecidas palavras de Jesus: “Pai, perdoa-os, pois não sabem o que estão fazendo”.

Esse é o modo que esses jovens encontraram para chamar atenção para a perseguição que seus irmãos cristãos têm enfrentado. Esse é o assunto que tem mais ocupado a mente dos cristãos indianos, principalmente, após a grande violência feita contra os cristãos do estado de Orissa em agosto, na qual se estima que cerca de 50 pessoas foram mortas, 4.500 casas e igrejas foram destruídas, e mais de 50 mil pessoas ficaram desalojadas.

Na capital, os cristãos podem realizar suas atividades com total liberdade, mas em outras partes do grande país a situação é precária. É por isso que duzentos pastores, fundadores de igrejas e evangelistas de todos os lugares do país se encontraram secretamente, em algum lugar do norte da Índia, para um seminário chamado PFAT. Durante quatro dias cheios, os participantes receberam ensinamentos, na maioria dos casos pela primeira vez, sobre a perseguição de acordo com a perspectiva bíblica.

Realizado pela equipe indiana da Portas Abertas Internacional, organização mundial que apoia os cristãos perseguidos, o seminário ainda abriu espaço para testemunhos pessoais. Após as discussões, geralmente os participantes chegavam à seguinte conclusão: acreditar em Jesus na Índia pode custar tudo: filhos, família, casa, igreja e até a própria vida. O fio condutor de todos os testemunhos contados eram os grupos de hindus extremistas, que apareciam do nada, cercavam os cristãos, os ameaçavam com pedaços de madeira e armas, e incendiavam suas casas e igrejas. É importante fazer uma clara distinção entre os extremistas e os hindus “comuns”, que em muitas regiões do país vivem pacificamente com cristãos e muçulmanos.

O comportamento dos hinduístas radicais pode ser ilustrado através dos incidentes que envolvem Anil Kumar, pastor de uma igreja pentecostal. Ele lidera três comunidades que somam um total de 100 membros no norte do estado de Uttarakhand. No dia cinco de janeiro de 2008, ele foi ameaçado por telefone. Ordenaram que parasse os cultos da igreja. Alguns meses antes, a polícia o prendeu sob a acusação de “forçar conversões”, ou seja, de tentar converter hindus à fé cristã, o que é proibido em alguns estados indianos que possuem leis anticonversão. Depois disso, foi solto porque faltavam evidências.

Alguns meses atrás, um grupo de hindus se juntou em frente à sua igreja, gritando e ofendendo os membros. Logo em seguida, enquanto o culto estava ocorrendo, houve um ataque à igreja. Eles espancaram os fieis, que fugiram de lá em pânico, alguns com as pernas quebradas, mas ainda assim, tiveram que correr.

Kumar foi detido novamente e trancafiado durante vários dias. Enquanto me contava a história, o pastor começou a chorar, não por causa do sofrimento que passou, mas porque sob tamanha pressão, alguns se reconverteram ao hinduísmo. E por mais que os radicais estejam distribuindo um panfleto com sua foto, para tentar expulsá-lo da cidade, o pastor não pretende parar de fazer o que faz.

“Jesus está comigo. E abri um processo legal contra a polícia. Aprendi a defender meus direitos neste seminário”, afirma.

Feridas à faca

Raju Baria, o líder de uma igreja doméstica em uma cidade do estado de Madhya Pradesh, carrega no corpo sinais visíveis da perseguição. Alguns anos atrás, radicais hindus o esfaquearam repetidas vezes no braço, e o atingiram nas costas com uma espada. No hospital, o médico não quis socorrê-lo.

“O médico disse que Jesus me curaria e me enviou de volta para a delegacia. Fiquei detido durante um mês, porque disseram que eu forçava as pessoas a se converterem. Aos poucos minhas feridas sararam.”

Após sua libertação, o pastor transferiu o culto da igreja para a casa de um amigo. Mais uma vez os extremistas fizeram um ataque, atearam fogo na casa e duas crianças que estavam em pânico pularam em um poço e se afogaram.

“Seis igrejas da região viraram cinzas”, ele comentou de maneira contida. Apesar da opressão, disse com lágrimas nos olhos que sua comunidade está crescendo. Como o pastor explica isso? “Continuamos a evangelizar e ocorreram muitas curas. Isso traz as pessoas a Jesus.”

Muitas histórias de milagres são contadas no seminário. Antes de sua conversão, o pastor Prakash Jha do estado de Madya Pradesh era membro de um grupo extremista hindu. Ele até atacou igrejas e cristãos.

“Uma organização fundamentalista fez uma lavagem cerebral em mim. Os líderes diziam que os cristãos eram chantagistas, que recebiam dinheiro de fora do país e forçavam os hindus a se converterem. Assim, nós tínhamos que fazer algo contra eles.”

Ele ganhou uma Bíblia de um amigo que se tornou cristão. Sem saber que tipo de livro havia recebido, começou a lê-lo. No evangelho de Mateus, leu que Jesus pediu que todos que estivessem cansados e sobrecarregados viessem a ele. Isso o aproximou da fé. Converteu-se após testemunhar uma oração que trouxe cura a uma mulher que havia sido mordida por um escorpião. Sua igreja está crescendo apesar da opressão, segundo o próprio relato, isso acontece por causa das muitas curas que têm ocorrido.

A perseguição também vem da família, contam os participantes do seminário. O pai de Bhupendra Nath é um guru, da casta brâmane, a mais elevada. Ele poderia ter seguido os passos do sacerdócio hindu, mas seus amigos de escola falaram para ele sobre Jesus e ele aceitou a fé.

“Imediatamente após a primeira oração que fiz, fui liberto de uma terrível dor de cabeça, que me incomodava já fazia muito tempo”, diz.

Como uma tentativa de fazer com que voltasse ao hinduísmo, o pai ordenou que fizesse diversos rituais, mas ele recusou-se. As pessoas da cidade começaram a pressioná-lo a voltar à fé hindu, mas ele resistiu.

“Então, meu pai ameaçou me matar e pagou alguns mercenários. Eu fugi da casa de meus pais com minha esposa e estou vivendo em um lugar secreto, bem longe da minha família. Isso me magoa muito. Sinto falta deles, mas agora vejo meus irmãos e irmãs da fé como família.”

Orissa

No seminário havia um grande número de ministros da Igreja Evangélica Luterana do distrito de Koraput, situado no estado de Orissa, o centro do pior ataque já realizado contra cristãos. Quando a violência começou na região de Kandhamal, a cerca de duzentos quilômetros de distância, os pastores pensaram que os ataques não os alcançariam, mas estavam errados. Após quatro dias, as multidões alcançaram Koraput também. O reverendo Sewak Ram conta como seu sogro, também pastor da Igreja Luterana, e sua esposa tiveram que fugir para a floresta, quando sua igreja foi incendiada.

“Eles tiraram primeiro tudo o que estava lá dentro, desde roupas até o fogão a gás e as Bíblias, e as queimaram fora da igreja.”

Seu amigo, o reverendo Mahesh Pramanik, ficou preso no fogo cruzado. De um lado, estava a multidão enfurecida de hinduístas; do outro, um grupo de jovens (os cristãos da cidade estavam divididos), que queriam defender a igreja. Com a ajuda da polícia, foi possível impedir o confronto.

“Eu estava na frente do grupo cristão, com as mãos estendidas, e clamava para que eles não recorressem à violência. Isso deu certo, mas os hinduístas ainda assim incendiaram todas as igrejas.”

No total, 25 lugares de culto foram incendiados na região, assim como um número desconhecido de casas. Sessenta famílias cristãs perderam tudo.

“É surpreendente o fato de que não houve mortes nessa região”, diz Pramanik. “Os pastores nem ousam pensar em reconstrução, não há dinheiro para isso. No momento, fazemos os encontros debaixo de árvores ou em campos abertos.”

Em outros lugares de Orissa, os cristãos enfrentaram um destino muito pior: cinquenta pessoas foram assassinadas, mas de acordo com um relatório do Partido Comunista da Índia (marxista-leninista), 500 pessoas podem ter sido mortas. Segundos os comunistas, há rumores que dizem que os fundamentalistas hindus foram instruídos a destruir as evidências e queimar os corpos. As imagens de cristãos carbonizados porque atearam fogo neles ou porque não conseguiram sair de suas casas e igrejas durante os ataques, são frequentes.

O reverendo Abraham, da organização Full Gospel Trust, que trabalha entre as crianças pobres do norte da Índia, nasceu em Orissa. Ele visitou diversas vezes o distrito de Kandhamal, que foi fechado para a imprensa.

“Muitas pessoas ficaram traumatizadas, poisperderam um ou mais membros de sua família ou suas casas, e porque os documentos das propriedades foram queimados também, será difícil para eles retornarem.”

O fato de que as igrejas foram incendiadas não tem impedido que os cristãos se encontrem, seja em casa ou na floresta.

“É estranho pensar que você pode destruir o cristianismo ao destruir igrejas. Os cultos das igrejas simplesmente continuam a ocorrer, não importa quão difíceis são as situações.”

Das milhares de pessoas desabrigadas, um grande número está vivendo nos campos estabelecidos pelo governo. O pastor iniciou diversos projetos voltados para crianças: “Do ponto de vista emocional, elas estão muito feridas. Não podem ir à escola e estão condenadas ao ócio. Estamos desenvolvendo um projeto cheio de atividades.”

Abraham ouviu diversos relatos de pessoas que foram forçadas a se reconverterem ao hinduísmo. “Rasparam o cabelo dos cristãos, os forçaram a oferecer cocos a entidades, a beber urina de vaca e fizeram o sinal hindu na testa deles”, descreve o pastor.

Muitos cristãos em Orissa começaram a duvidar. Alguns já haviam perdido suas casas em um ataque em dezembro de 2007, e tinham acabado de reconstruí-las quando os hinduístas atacaram novamente e destruíram tudo. “Onde está Deus?”, alguns perguntam a si mesmos. Ore por eles e por todos os que foram forçados à reconversão ao hinduísmo, para que possam permanecer fieis a Jesus, mesmo que só no coração.

* Para evitar o reconhecimento das pessoas envolvidas, os nomes foram alterados no presente artigo.

Índia

• População: 1.129.866,154 (2007), depois da China, a Índia é o país com a maior população do mundo

Fonte: Perseguidos pela causa de Cristo
Missão Portas Abertas / www.portasabertas.org.br

Tradução: Homero S. Chagas

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ex-muçulmana é presa por se casar com um cristão


EGITO (21º) - A convertida Raheal Henen Mussa e seu marido copta estão escondidos da polícia e de sua família muçulmana por violarem um artigo da sharia (lei islâmica) que não existe no código penal egípcio.

A polícia prendeu Mussa, 22, no dia 13 de abril, por se casar com Sarwat George Ryiad em uma cerimônia comum (zawag al ‘urfi), uma forma não-registrada de matrimônio realizada no Egito, sem testemunhas. Essa cerimônia ganhou muita popularidade entre os jovens egípcios, mas não é sancionada pela maioria dos eruditos islâmicos.

Os dois assinaram um contrato de casamento entre eles. Somente Ryiad e seu advogado têm uma cópia. A polícia não conseguiu uma cópia do contrato, mas usou a existência dele como pretexto para a prisão de Mussa.

De acordo com uma interpretação da sharia, as mulheres muçulmanas não podem casar com não-muçulmanos, ainda que o contrário seja permitido, e o Artigo 2 da Constituição egípcia estipula que a sharia seja a base para a legislação.

Segundo a lei egípcia, os dois não cometeram um crime, já que não procuraram um reconhecimento para o casamento, mas a polícia e a família de Mussa estão coagindo o casal, dizendo que eles violaram a lei islâmica.

“Eles não violaram a lei, mas a família e a polícia estão adotando uma lei própria, que não está registrada”, diz Helmy Guirguis, presidente da Associação copta do Reino Unido. “A lei islâmica interpreta que, se uma garota muçulmana casa com um homem não-muçulmano, mesmo no papel, eles estão quebrando a lei de Deus, e não a lei dos homens.”

Os dois não puderam se casar em uma cerimônia oficial, pois Mussa é considerada muçulmana por nascimento, e mudar o status religioso de “islã” para “cristianismo” é impossível no Egito.

Conhecida como Samr Mohamed Hansen, Mussa se converteu ao cristianismo há três anos, antes de se casar com Ryiad. A polícia a prendeu quando chegou do trabalho. Eles a identificaram pela tatuagem da cruz copta em seu braço direito, uma marca comum entre os coptas.

Ela foi transferida para um posto operado pela polícia secreta, onde ficou até domingo (19 de abril), quando sua família a tirou de lá. Enquanto estava sob custódia, a família queimou a tatuagem.

Mussa fugiu de sua família na terça-feira (21). Ela e seu marido fugiram para o Cairo e estão escondidos. Se os dois forem pegos, os advogados temem que eles possam ser separados, presos e agredidos se Mussa voltar para a família.

A influência da sharia na lei egípcia também significa que os muçulmanos têm o direito (hisbah) de processar alguém que tenha violado os “direitos de Deus”. Isso pode significar que o casamento não reconhecido de Mussa e Ryiad pode torná-los alvos de extremistas muçulmanos querendo cumprir toda a lei.

O exemplo mais conhecido da aplicação do hisbah aconteceu em 1995, quando Nasr Abuh Zayd, professor da Universidade do Cairo, foi declarado um “infiel” e obrigado a se divorciar de sua esposa por criticar as visões ortodoxas do Alcorão.

Ryiad e Mussa não casaram em uma cerimônia copta, pois muitas igrejas evitam casar muçulmanos registrados com não-muçulmanos, por medo das autoridades e extremistas islâmicos.

“Ninguém no Egito pode realizar o casamento de um homem copta com uma mulher muçulmana”, afirma o advogado Naguib Gabriel. “Seria muito perigoso para a vida do pastor.”

Tradução: Deborah Stafussi

terça-feira, 28 de abril de 2009

Igreja histórica é invadida por radicais durante culto


ÍNDIA (22º) - Um grupo de 20-25 radicais hindus invadiu o culto de domingo, dia 19 de abril, na igreja histórica Douglas Memorial Church em Saoner, na Índia. Carregando paus, espadas uma pistola e forcados, os fanáticos agrediram duas mulheres nas pernas e louvaram os nomes de deusas hindus, destruindo uma Bíblia e instrumentos musicais, e danificando o altar.

Quando iam embora, os radicais quebraram as janelas de um ônibus escolar estacionado em frente à igreja.

Os grupos hindus VHP e Bajrang Dal negaram qualquer envolvimento no ataque, mas afirmou que os jovens hindus estavam furiosos com as conversões que têm ocorrido na área.

A polícia local disse que 10 minutos antes do ataque, alguém que alegava fazer parte do grupo radical VHP foi até a polícia e entregou um pedido para que houvesse uma ação contra as conversões em Saoner.

O pedido alegava que a igreja estava atingindo famílias pobres e oferecendo a conversão por meio da sedução.

“As alegações não têm fundamento”, afirma o pastor Mark Sarkharpekar, da Douglas Memorial. Ele disse que foi o primeiro ataque desse tipo.

O ataque começou assim que o pastor iniciou o sermão. Um forcado foi lançado contra ele, que conseguiu desviar e não ficou ferido.

A polícia prendeu seis dos envolvidos no ataque.

Fonte: International Christian Concern

Tradução: Deborah Stafussi
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