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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Fragmentação religiosa representa um desafio às igrejas e aos comunicadores

A América Latina experimenta um processo de diversificação e fragmentação das ofertas religiosas num contexto em que as tradicionais instituições perderam uma quota importante de seu poder cultural histórico, observou o coordenador do Programa de Pastoral da Comunicação do Centro Evangélico de Estudos Pastorais na América Central (Cedepca), Dennis Smith.
Rolando PérezSão Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Presente à Conferência Internacional sobre Meios, Religião e Cultura, realizada em São Paulo, Smith sustentou que no passado as igrejas protestantes tradicionais detinham poder suficiente para dominar o discurso religioso público, incidir de maneira contundente na esfera pública e ainda estigmatizar a participação nas cerimônias públicas de grupos religiosos marginalizados, a exemplo das espiritualidades indígenas e afro-americanas e dos grupos pentecostais.
Hoje, no entanto, novos atores aparecem no campo religioso e, paralelamente, observa-se o ressurgimento de espiritualidades ancestrais. “As igrejas e os grupos religiosos tradicionais competem com novos atores presentes no mercado religioso, alguns deles muito sofisticados no mercado de bens simbólicos”, pontuou Smith.
Na conferência que apresentou no evento, Smith trouxe um detalhado diagnóstico das formas como a religiosidade contemporânea latino-americana se manifesta no supermercado religioso. A cada dia, disse, há mais pessoas que se sentem livres para elaborar o seu próprio menu espiritual, sem se sentirem sujeitas ao poder de hierarquias religiosas.
“A gente entra neste novo ‘supermercado’ para adquirir auto-estima, uma porção de perdão, uma essência de esperança, um caldo de consolo e depois vai combinando esses ingredientes segundo uma receita pessoal”, arrolou.
Os novos crentes não sentem a necessidade de esconder o fato de que manejam, de forma simultânea, múltiplas identidades religiosas. Pesquisas revelam que pessoas católicas assistem, eventualmente, aos espetáculos religiosos apresentados pelas mega-igrejas neopentecostais. Essas mesmas pessoas, nos momentos limites de sua própria vida, não hesitam em consultar os guias espirituais de outras tradições religiosas, sustentou o professor Smith.
“Diante desse cenário estão lançados os novos desafios às igrejas, movimentos religiosos, comunicadores e comunicadoras que procuram em seus projetos afirmar a dignidade humana na sociedade contemporânea”, frisou.
Nesse sentido, é preciso prestar atenção ao sopro do Espírito nas comunidades eclesiais. “Descobriremos ali que há pessoas em nosso meio que são intermediárias com o incognoscível; são os guardiães de espaços sagrados. Às vezes esses espaços se caracterizam por uma celebração de previdência, plenitude e esperança, às vezes como palco de medo, de manipulação e de vingança”, concluiu.
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Fonte:ALC

Morte de jovem paquistanês pode ter motivação religiosa

PAQUISTÃO (15º) - A polícia local paquistanesa declarou a morte de um jovem cristão, em maio, por suicídio, o que teoricamente não requereria nenhum tipo de investigação. No entanto, um inspetor geral, pressionado por um grupo de direitos humanos, decidiu reabrir o caso e acabou por prender dois muçulmanos, suspeitos de assassinato. Adeel Masih, 19 anos, foi encontrado morto no dia 4 de maio em Hafizabad, no Paquistão. Seus parentes e os advogados de direitos humanos acreditam que o jovem tenha sido torturado e morto pela família de Kiran Irfan, 19 anos, uma moça com quem o jovem morto mantinha um relacionamento há um ano. A família dele considera sua morte como um “assassinato em nome da honra”.
O casamento entre homens cristãos e mulheres muçulmanas é proibido de acordo com uma interpretação severa da sharia (lei islâmica), e até contatos sociais como os dos jovens podem incitar reações violentas no Paquistão, país de maioria muçulmana com 170 milhões de seguidores da religião. O Centro para Auxílio Legal, Assistência e Estabelecimento (CLAAS, sigla em inglês), grupo cristão de ações em defesa dos direitos humanos, apresentou o caso ao inspetor geral da província de Punjab, que determinou sua reabertura em 18 de julho. Mais tarde, o pai da jovem garota e o tio, Muhammad Riasat, foram presos. O distrito policial ainda está conduzindo as investigações. Difícil relação com as autoridades Membros da família de Adeel Masih contaram que, três meses atrás, quando foram registrar o ocorrido na polícia local, os policiais não cooperaram em abrir uma investigação, já que os suspeitos eram muçulmanos e a vítima era cristã. “A polícia disse: “‘Nós vamos primeiro apurar se Adeel cometeu suicídio’, porque os culpados contaram às autoridades sobre o fato de que a garota queria seguir o cristianismo por causa de Adeel’”, disse Aneeqa Maria, da equipe da CLAAS. “A polícia estava tendenciosa e passou a protelar o assunto, já que quanto mais tempo demorasse para registrar o incidente, mais fraco ficaria o caso”. No dia 4 de julho, a família de Adeel Masih levou o caso ao CLAAS, que recorreu ao distrito policial de Gujranwala. O caso foi levado então para o inspetor geral de Punjab, que o reabriu duas semanas depois. Amizade culturalmente “inapropriada” A amizade de Adeel Masih e Kiran Irfan começou há um ano. A mãe do jovem soube do relacionamento seis meses depois e aconselhou o filho a terminá-lo por causa dos perigos. Ela contou à família de Irfan sobre a amizade dos dois, considerada pelas duas famílias como culturalmente inapropriada. A família de Irfan passou então a atormentar os pais de Masih e ameaçar o garoto de morte caso soubessem que o jovem continuava a manter contato com sua filha. Eles disseram que “não iriam permitir que um homem cristão envergonhasse o islamismo dessa maneira”, de acordo com a CLAAS. Masih desapareceu no dia primeiro de maio, no caminho para visitar a namorada Kiran Irfan. Seu pai, Mohammed Irfan, e seus dois tios, Muhammad Amjad e Muhammad Riasat, seguiram-no. Eles teriam então raptado o garoto e jogado sua motocicleta em um canal próximo, disse um residente local. Duas horas depois do desaparecimento do rapaz, a família de Kiran Irfan ligou para seus parentes dizendo que o jovem teria cometido o suicídio perto de um canal, há 40 quilômetros do sul de Gujranwala. A família o procurou por dois dias com a ajuda de mergulhadores, porém não tiveram sucesso. O corpo de Masih foi encontrado pela polícia no dia 4 de maio em um canal de Hafizabad, há 50 quilômetros do oeste de Gujranwala. De acordo com parentes de Masih, membros da família da moça mantiveram o jovem em cativeiro e torturaram-no por dois dias. Marcas de torturaA autópsia, obtida pelo Compass, apontou que Adeel Masih tinha ferimentos na cabeça e lesões no cérebro. Havia marcas em suas mãos e pés, indicando que ele foi amarrado. Quando a família do rapaz cristão registrou o caso, acusando os criminosos de assassinato, seqüestro, obstrução da justiça e conspiração, a polícia não tomou nenhuma atitude. Depois que a autópsia do corpo de Adeel Masih foi feita, de acordo com a CLAAS, a família tentou mais uma vez registrar o caso, mas os policiais disseram que iam primeiro investigar se ele havia cometido suicídio. Até o dia 20 de maio, quase três semanas após o desaparecimento do jovem, a primeira queixa do crime ainda não havia sido registrada. As tentativas do Compass de conversar com os oficiais do distrito policial de Gujranwala, onde a família de Masih comunicou o fato, não tiveram sucesso. Irfan e Riasat serão acusados pela corte local por assassinato, seqüestro, obstrução da justiça e conspiração. A data do julgamento, no entanto, ainda não foi marcada.
Tradução: Dandara Narimatsu
Fonte: Compass Direct

Governo eritreu nega violação à liberdade religiosa

ERITRÉIA (11º) - A Eritréia continua desmentindo as acusações de repressão religiosa, com a ajuda do conselheiro presidencial Yemane Ghebremeskel. Ele afirma que o país tem uma Constituição secular e uma longa tradição de história religiosa. A última notícia do país foi a detenção de oito jovens cristãos em um contêiner porque eles questionaram a queima de Bíblias promovida pelo Exército ( leia mais).

O Departamento de Estado norte-americano, em seu Relatório Internacional sobre Liberdade Religiosa, afirma que Eritréia não implementou a liberdade religiosa da Constituição de 1997. O departamento estatal designou no ano passado a Eritréia como um País de Preocupação Particular ( leia mais). Mais de 2,000 cristãos, inclusive os pastores e padres de igrejas protestantes e ortodoxas, estão agora detidos em delegacias de polícia, acampamentos militares e prisões ao longo do país por causa de suas convicções religiosas. Embora tenham sido encarcerados por meses ou até mesmo anos, nenhum foi oficialmente acusado de alguma ilegalidade e nem passou por processo judicial. Em dezembro de 2006, o governo de Eritréia tomou o controle financeiro e pessoal da Igreja Ortodoxa erítrea. A igreja que estava sob o controle do patriarca Abune Antonios foi tomada e ele colocado sob prisão domiciliar e despido de toda a autoridade eclesiástica desde agosto de 2005 ( relembre).
Tradução: Tsuli Narimatsu
Fonte: Compass Direct

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Amal: "Deus está cuidando de nós neste país do mundo árabe"

MUNDO MUÇULMANO - “Comecei ouvindo os programas de rádio por três meses. Então decidi me tornar cristã e seguir Cristo, mas como eu poderia fazer isso? Olhei para um prédio com uma cruz, do outro lado da minha cidade, e cuidadosamente comecei a visitar essa igreja, sem o véu e sem ser reconhecida pelas pessoas”. Esta é a segunda parte do testemunho de Amal, uma ex-muçulmana atraída pelo evangelho pelo comportamento diferente de um professor. Como ele não podia pregar para ela, aconselhou a jovem a ouvir programas de rádio cristãos. Depois disso, espontaneamente, ela passou a freqüentar uma igreja de forma secreta. (Para ler a primeira parte do testemunho, clique aqui. )

Testemunho de vida Felizmente Amal veio de uma família que deu às suas filhas certa liberdade e certo espaço. Isso não é comum entre as famílias árabes, já que geralmente não é permitido a elas que garotas saiam sozinhas e façam coisas por conta própria, especialmente quando estão em idade de casamento. Mas Amal podia ir à igreja e isso impactou sua vida para sempre. “Depois de um tempo, alguns membros da igreja começaram a perceber que eu estava visitando os cultos freqüentemente e saía rapidamente, por isso ficaram curiosos. Algumas moças me fizeram perguntas e logo perceberam que eu era uma crente ex-muçulmana. Elas me colocaram em contato com outros ex-muçulmanos, homens e mulheres, e eu comecei a participar de um grupo secreto.""Eles me desafiaram em minha nova fé, o que foi excelente, já que vínhamos todos do mesmo contexto. Eles me desafiaram a ser batizada, o que seria um passo grande e perigoso. Deram-me um tempo para pensar acerca do batismo, mas finalmente, após dois anos pensando e estudando a Bíblia, decidi ser batizada, o que aconteceu em um lugar secreto para evitar retaliações. Descoberta Durante esse tempo, um dos membros do grupo começou a ter um interesse especial em mim, um interesse mais profundo que o normal, e também eu nele. Então começamos a namorar, à moda árabe, à distância, apenas com olhares, mas logo estávamos noivos. Que coisa maravilhosa, dois crentes ex-muçulmanos se apaixonarem, mas o que falaríamos às nossas famílias, já que elas não sabiam que éramos cristãos?" A família de Amal já havia descoberto que ela estava indo semanalmente ao outro lado da cidade e que provavelmente estava visitando uma igreja. “Meu pai e meus irmãos já haviam me feito questionamentos sobre meu comportamento, mas minha família é liberal, por isso não se incomodou; até que cheguei com a mensagem de que iria me casar. Este foi um passo muito grande, então eles começaram a me ameaçar e a me proibir de me casar com um homem que não conheciam.” “Isso era estranho, especialmente para meu pai e meus irmãos e, opostamente a toda a cultura, eu havia escolhido meu marido por mim mesma e não por eles. Mas eu tenho um coração forte, e minha família percebeu que seria muito difícil me fazer mudar de idéia. Ao menos meu marido era muçulmano, e por isso eles estavam felizes – eles não haviam percebido que meu futuro marido também tinha trocado sua religião...” Armas para matar Hani também vem de um contexto muçulmano, mas ele perdeu todos os contatos e relacionamentos com sua família, portanto o maior problema do relacionamento deles viria da família de Amal, e de fato veio. “Minha família descobriu que meu futuro marido era teoricamente muçulmano, mas, na prática, um cristão também. Além disso, ele havia perdido o contato com sua família, e estava desligado de toda sua família, o que é inaceitável no mundo árabe.” “Portanto, minha família não estava feliz com o marido que eu havia escolhido e começou a me ameaçar novamente. Houve um dia em que eles vieram com rifles e revólveres para me matar e também a Hani, que estava comigo naquele momento. Felizmente o Senhor nos protegeu e meu pai e meus irmãos decidiram não me matar, mas a mensagem estava dada.""Eu fiquei muito amedrontada e realmente não me atreveria a me casar com Hani. Em uma conversa com o pastor, nós decidimos não parar, mas continuar os nossos planos. Então nos casamos num certo dia, porém eu fiquei apavorada durante todo o dia pensando sobre o que poderia acontecer caso minha família mudasse de idéia novamente. Aleluia, nada aconteceu e nós tivemos um grande dia. Louve ao Senhor”. Nova vida A relação de Amal com sua família ainda é espinhosa e difícil, mas de certo modo eles aceitaram o fato de ela estar agora em uma nova vida. “Minha família sabe que nós estamos casados e que temos uma criança, mas eles normalmente nos deixam sozinhos. Minha família não está feliz comigo, e algumas vezes torna a minha vida um pouco mais difícil por suas ameaças e por seu tratamento, mas Deus está cuidando de nós neste país do mundo árabe."
Tradução: Luis Felipe Carrijo Silva
Missão Portas Abertas

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

"Pra mim, isso não era crime: era meu mundo, eu vivia assim", diz depoente presa por agenciar menores

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia nesta terça-feira (12), a moradora de Boa Vista (RR) Lidiane do Nascimento Foo, 25 anos, afirmou aos senadores que "levava meninas" entre 12 e 17 anos para terem encontros com o ex-procurador-geral de Roraima Luciano Queiroz e outros indiciados pela Operação Arcanjo da Polícia Federal, que investigou denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes no estado. Lidiane disse que ela mesma, a partir dos 11 anos de idade, teve relacionamentos com o ex-procurador e com outros denunciados pela PF.
O presidente da CPI, senador Magno Malta (PR-ES), garantiu que intercederá junto ao Ministério da Justiça para garantir que Lidiane seja resguardada pelo Programa de Proteção à Testemunha, da Secretaria de Direitos Humanos do ministério, pois, como ela mesmo disse, já sofreu várias ameaças de morte, por parte inclusive do próprio ex-procurador de Roraima. De acordo com Magno Malta e com o relator da CPI, Demóstenes Torres (DEM-GO), um dos presos pela PF foi solto nesta terça-feira (12) e, segundo Lidiane o empresário José Queiroz da Silva, conhecido como Carola, também já fez ameaças contra ela.
Além de Lidiane e seu marido Givanildo dos Santos Castro, a Operação Arcanjo também prendeu em junho deste ano o agora ex-procurador de Roraima Luciano Alves de Queiroz, os empresários José Queiroz da Silva e Valdivino Queiroz da Silva, o major da Polícia Militar Raimundo Ferreira Gomes (cunhado de Lidiane), Hebron Silva Vilhena e Jackson Ferreira do Nascimento (tio da depoente) - todos acusados de integrar rede de pedofilia, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes em Boa Vista.
Antes de começar o depoimento de Lidiane, Demóstenes esclareceu que ela foi denunciada pelo Ministério Público e está presa por ser "uma das cafetinas que forneciam crianças e adolescentes para os demais acusados". Demóstenes também esclareceu que a depoente tinha o direito de permanecer calada e não responder às perguntas dos senadores. Mas, durante mais de uma hora de depoimento, Lidiane detalhou como funcionavam as atividades de abuso sexual, que envolviam também consumo e tráfico de entorpecentes.
- Nunca fui agenciadora, cafetina ou traficante de drogas. Pra mim, isso não era crime, era meu mundo, eu vivia assim - disse Lidiane, afirmando que era apenas usuária de drogas e que "as meninas" a procuravam e pediam para ela ligar para os acusados de abuso e promover os encontros.
Lidiane disse que começou a ter relacionamentos sexuais com maiores de idade quanto tinha 11 anos e, aos 16, começou a consumir drogas. Ela citou o nome de cerca de sete menores que, de acordo com ela, teriam se relacionado com o ex-procurador do estado Luciano Queiroz e com Carola. De acordo com ela, o ex-procurador tinha relacionamentos freqüentes com menores, até "várias vezes por dia" em algumas ocasiões. Lidiane também defendeu a inocência do marido e do cunhado quanto às acusações de abuso contra crianças e adolescentes.
Ainda de acordo com a depoente, Luciano Queiroz costumava passar de carro na frente de escolas e oferecer "R$ 200, R$ 300 ou R$ 400" para meninas entrarem no carro. Ela disse que teve relações sexuais com Carola desde os 13 anos e que o irmão de Carola, Valdivino, "também saía com meninas". Lidiane garantiu ainda que não recebia dinheiro de Luciano Queiroz com freqüência, mas que ele, eventualmente, pagava seu aluguel, comprava gás para ela ou lhe dava algum dinheiro.
Sobre o outro convocado e que também prestaria depoimento nesta terça-feira (12), o advogado Silas Cabral, Lidiane afirmou que ele teria se oferecido para defendê-la após ela ser presa pela PF, mas, disse a depoente, ele teria pedido para ela "aliviar" o depoimento e isentar Luciano Queiroz, Carola e Valdivino. Magno Malta informou que Silas Cabral será reconvocado a depor na CPI da Pedofilia.
O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) lamentou que o depoimento de Lidiane tivesse sido um retrato do que ainda acontece com muitas outras meninas por todo o Brasil. Demóstenes reforçou a necessidade de o Ministério da Justiça proteger Lidiane, que se beneficia da figura da delação premiada - benefício previsto na legislação para que, em troca de redução ou isenção de pena, um acusado denuncie outros participantes de um crime. Na opinião do relator, "a proteção pode chegar tarde" para Lidiane, pois uma pessoa já teria sido assassinada em Roraima por denunciar o esquema.
Agência Senado

CDH aprova emendas da Câmara a projeto sobre crimes sexuais que envolvam crianças e adolescentes

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) aprovou nesta quarta-feira (13) parecer favorável a duas emendas da Câmara dos Deputados a projeto de lei que define como crime o ato de fotografar ou filmar cenas de sexo explícito ou pornográficas envolvendo criança ou adolescente. Uma das emendas inclui entre as ações tipificadas como crime o ato de portar ou comprar tais imagens. A outra altera a lei sobre a corrupção de menores (Lei 2.252/54) para incluir crimes praticados por qualquer meio eletrônico, inclusive pelas salas de bate-papo da Internet.
A segunda emenda prevê também que a pena para quem corromper ou facilitar a corrupção de menor será aumentada de um terço nos casos em que a infração for uma das previstas no Título VI da Parte Especial do Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40), que trata dos crimes contra os costumes.
Ambas as emendas foram apresentadas ao projeto de lei (PLS 254/04) de autoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Exploração Sexual e que altera o artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A proposição já havia sido aprovada pelo Senado. Ao tramitar na Câmara, ela foi objeto de algumas modificações. As alterações formuladas pelos deputados já foram aprovadas pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, além da CDH, e ainda serão examinadas em Plenário.
Na opinião do relator, senador José Nery (PSOL-PA), as emendas apresentadas pela Câmara aperfeiçoam o projeto da CPI Mista da Exploração Sexual. Para o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), a proposta contribui para dificultar a ação dos criminosos no Brasil e até mesmo em outros países.
Agência Senado

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Livro mostra busca de Isaac Newton por Apocalipse

Um livro que acaba de chegar ao Brasil ajuda a revelar um lado surpreendente de Isaac Newton (1643-1727), pai da física moderna e responsável por formular a lei da gravidade, entre outras realizações científicas fundamentais. Nas horas vagas (ou, para ser mais exato, na maior parte do tempo durante sua maturidade), Newton se dedicava a um estudo detalhado, ponto por ponto, dos escritos atribuídos ao profeta Daniel e do Apocalipse, os dois livros bíblicos mais que mais versam sobre o fim do mundo. Para o cientista britânico, as duas obras eram guias precisos para a história do mundo até sua época e continham a chave para desvendar o que aconteceria no final dos tempos.Os estudos apocalípticos de Newton estão na obra "As profecias do Apocalipse e o livro de Daniel" (Editora Pensamento), traduzida integralmente para o português pela primeira vez. As análises newtonianas coincidem apenas em parte com o que os modernos estudiosos da Bíblia consideram ser a interpretação mais provável das Escrituras. Mas não devem ser lidas como sinal de que o cientista tinha um lado "retrógrado" ou "obscurantista", alertam especialistas. Pelo contrário: é bastante possível que a fé religiosa de Newton, e seu interesse por assuntos esotéricos, tenham facilitado suas descobertas. "A gente tem de inverter a relação. Não é apesar de suas crenças religiosas e místicas que o Newton consegue dar o pulo do gato nos trabalhos sobre a gravidade; é justamente devido a elas", afirma José Luiz Goldfarb, historiador da ciência e professor de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). "Os próprios estudos bíblicos de Newton já denotam uma sensibilidade mais crítica e moderna, uma tentativa de estudar as profecias de forma quase matemática, usando cronologias detalhadas."Pistas históricas"A gente costuma deixar ciência e religião bem separadas, mas o fato é que os manuscritos de Newton, que chegam a 4.000 páginas, abordam principalmente esses estudos místicos e esotéricos", conta Mauro Condé, professor de história e filosofia da ciência da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "Com a morte dele, a Universidade de Cambridge e a Royal Society [principal sociedade científica do Reino Unido, da qual ele fazia parte], que tinham um modelo para o que deveria ser o trabalho científico, privilegiaram parte da obra dele e deixaram o resto vir a público de forma meio aleatória", diz o pesquisador. O livro em questão, publicado após a morte de Newton com base em suas anotações, é basicamente uma tentativa de desvendar o significado histórico das principais profecias do livro de Daniel (no Antigo Testamento) e do Apocalipse (livro do Novo Testamento que encerra a Bíblia cristã). Ambas as obras são caracterizadas pela riqueza de imagens simbólicas -- animais, estátuas, chifres, trombetas -- que funcionam como uma espécie de linguagem cifrada que o profeta propõe à sua audiência, e que às vezes é desvendada logo após a descrição das visões.Newton, para quem Daniel "é um dos profetas mais claros para se interpretar", traça uma série de correspondências entre as imagens proféticas e eventos reais -- no seu esquema, por exemplo, menções a "dias" sempre se referem, na verdade, a anos, animais ferozes e poderosos correspondem a reis ou nobres, e assim por diante. Usando essa chave simbólica, o cientista se propõe a relacionar todas as grandes ocorrências da história mundial, do exílio judaico na Babilônia (a partir de 586 a.C.) à sua época, com as visões de Daniel e, em menor grau, com as de João, o autor do Apocalipse. Romanos, bárbaros e papasAs duas principais visões do livro de Daniel se referem a uma estátua feita de vários tipos de metal precioso e não-precioso, e a uma sucessão de animais ferozes de aspecto sobrenatural. A interpretação tradicional (inclusive no interior do livro bíblico) é associar cada um dos metais e das feras a reinos que se sucederiam até o fim dos tempos, quando Deus salvaria seu povo e instauraria seu domínio sobre o mundo. No caso da estátua, temos os metais ouro, prata, bronze, ferro e argila misturada com ferro; para Newton, a correspondência é com os impérios da Babilônia, da Pérsia, dos gregos de Alexandre Magno e de Roma; "ferro e argila" misturados significariam as nações européias oriundas do território fragmentado de Roma, fundadas a partir de reinos bárbaros. Um esquema semelhante é aplicado aos animais ferozes; Newton aproveita o fato de que um deles tem dez chifres para associá-lo aos dez reinos bárbaros europeus fundados após a queda de Roma. Após esses dez chifres, surge mais um, "menor, e três dos primeiros foram arrancados para dar-lhe lugar. Este chifre tinha olhos idênticos aos olhos humanos e uma boca que proferia palavras arrogantes", diz o profeta. Newton afirma que esse chifre arrogante é a Igreja Católica, que havia se tornado um império ao adquirir vastas extensões de terra na Itália durante a Idade Média. O cientista traça a interpretação porque o livro de Daniel diz que o novo chifre "perseguia os santos". Fortemente anticatólico, Newton associava a Igreja à promoção de práticas vistas por ele como demoníacas, como a adoração dos santos, bem como à perseguição dos verdadeiros cristãos. Para ele, a Igreja Católica também pode ser identificada com a Besta do Apocalipse, representada pelo número 666. Em seus cálculos, Newton dá a entender que o fim do mundo viria após a reconstrução do templo de Jerusalém, em torno do ano 2400 -- mas se abstém de apontar um ano específico.Valeu a tentativaApesar do esforço interpretativo de Newton (imagem), poucos estudiosos atuais do texto bíblico vão concordar com sua análise. Para começar, enquanto o físico considerava que o livro de Daniel tinha sido escrito no século 6 a.C. pelo profeta do mesmo nome, o consenso moderno é que a obra é tardia, de meados do século 2 a.C. -- relatando, portanto, muitas coisas que já eram passado no tempo do profeta antes de se dedicar à profecia propriamente dita. Assim, Roma e a época cristã nem seriam mencionadas em Daniel: o profeta estaria falando apenas dos reinos sucessores de Alexandre Magno que lutavam pelo controle da terra de Israel naquela época. "Seriam, portanto, profecias depois do fato", escreve Lawrence M. Wills, professor de estudos bíblicos da Episcopal Divinity School (Estados Unidos). De acordo com Wills, o chifre perseguidor dos "santos" representa, mais provavelmente, o rei sírio Antíoco Epífanes (morto em 164 a.C.), e não tem relação alguma com a Igreja Católica. Tudo isso pode soar um bocado estranho para os que estão acostumados à separação moderna entre ciência e religião, mas José Luiz Goldfarb vê indícios dos interesses bíblicos de Newton na própria formulação da lei da gravidade. "No hebraico bíblico existe a palavra makom, que significa 'lugar'. Mas, com a evolução do pensamento rabiníco, ela passa a designar a própria divindade. O Newton cita essa palavra em seus escritos, e parece ter usado o conceito para explicar como a gravidade atuava à distância -- como a gravidade do Sol pode atrair a Terra, por exemplo. É como se entre o Sol e a Terra houvesse um makom, que é Deus, o qual está em todos os lugares", diz o pesquisador. Goldfarb ressalta que Newton é só mais um exemplo de patrono da ciência que tinha suas idéias "fertilizadas" pelo pensamento místico de sua época. "Os dois campos se falavam e se influenciavam muito", diz. A crença monoteísta (num Deus único), se vista como um todo, também pode ter sido uma influência positiva nos primórdios da ciência e da filosofia, de acordo com Mauro Condé. "O monoteísmo nos parece simples, mas já exige uma forma de pensamento mais sofisticada e abstrata", diz ele. "E a busca por essências da natureza, por leis ordenadas, é uma coisa que Newton compartilha com filósofos como Platão. Isso foi incorporado na teologia cristã desde o começo", afirma Condé.
Fonte: G1
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