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domingo, 5 de outubro de 2008

Revolução injetável

Vício em drogas como a cocaína e a nicotina, obesidade e pressão alta. Eis alguns dos maiores assassinos do século 21. Saiba como pesquisadores de todo o mundo lutam para descobrir as vacinas que poderão acabar com eles
Jim Giles
Quatro anos atrás, um grupo de usuários de drogas apareceu na Escola de Medicina de Yale. A maioria deles era dependente do crack, droga derivada do refinamento da cocaína e altamente viciante. E todos queriam se livrar dela.
"Eles vieram até nós porque suas vidas estavam destruídas", afirma Thomas Kosten, especialista em drogas que trabalhou com esses usuários e que atualmente está na Faculdade Baylor da Universidade de Medicina de Houston (EUA).
As chances não estavam a favor daqueles dependentes. Mais de dois milhões de americanos consomem alguma forma de cocaína regularmente, e a maioria acha extremamente difícil largar o hábito. Mesmo se um viciado ficar longe das drogas por alguns meses, só uma pequena dose, em um momento de fraqueza, desperta o desejo novamente.
Os usuários de cocaína que se inscreveram para a pesquisa de Kosten também tiveram seus momentos de fraqueza. Para uns poucos deles, entretanto, algo de extraordinário aconteceu quando cheiraram ou injetaram a droga: ela não teve efeito algum.
Kosten havia vacinado os voluntários contra cocaína. Anticorpos estavam circulando por suas correntes sanguíneas, prontos para neutralizar as moléculas da droga. O grupo estava protegido contra a cocaína da mesma forma que as imunizações tomadas na infância protegem boa parte do mundo contra a pólio e o sarampo. E, com a ajuda da vacina, vários dependentes estavam livres da droga antes do experimento terminar.
As vacinas são um dos medicamentos mais bem-sucedidos. Sem elas você talvez não estivesse aqui para ler este texto, já que seus ancestrais poderiam ter sido mortos por doenças como a varíola. Agora a esperança é que essa tecnologia possa também tratar enfermidades modernas. E não apenas drogas que viciam. Obesidade e pressão alta são outras condições nas quais as inoculações podem ser usadas como tratamento. Se defensores dessa idéia estiverem certos, o trabalho de Kosten é apenas um exemplo do que será a segunda revolução das vacinas. Mas ela pode não chegar na velocidade necessária.
No caso da dependência, tratamentos como terapia comportamental são caros e às vezes não fazem muita diferença. O cigarro é um dos grandes assassinos do mundo. Enquanto isso, a obesidade atingiu proporções de epidemia nos Estados Unidos e está aumentando mundialmente. As vacinas oferecem uma abordagem completamente diferente para esses problemas: elas levam o corpo a produzir anticorpos que se unam a substâncias específicas, neutralizando-as.
Quase todas as drogas, entretanto, consistem de moléculas muito pequenas para iniciarem uma reação imune. Portanto, um pouco de trapaça é necessária. Para aumentar o tamanho delas Kosten juntou dez partículas de cocaína à superfície de uma proteína da cólera. A vacinação com essa "megacocaína" estimula a produção de anticorpos, que se juntam tanto às moléculas da droga quanto às grandes partículas sintéticas.
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