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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Um manifesto reformado

Augustus Nicodemus avalia o complexo cenário evangélico brasileiro e defende a fé bíblica conforme entendida pelo cristianismo histórico

Por: Samuel Coto/Augustus Nicodemus
Desde 2005, três amigos se revezam nos comentários sobre os mais diversos assuntos que se referem à vida da igreja e à sociedade. Em comum, a pena afiada, a identidade reformada e o zelo pela sã doutrina. O palco escolhido por Augustus Nicodemus, Mauro Meister e Solano Portela é o blog O tempora, O mores! (Que tempos os nossos! E que costumes!), referência à célebre frase de cícero (106-43 a.c).

Dentre as centenas de textos postados por eles, Augustus Nicodemus selecionou alguns dos seus para se projetarem além da blogosfera,e assim, revelar suas opiniões sobre a igreja evangélica e sobre o que afirma ser a ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro. 
Liberais, neo-ortodoxos, libertinos e neopentecostais não escapam da escrita certeira de Augustus, cujo objetivo com a publicação de O que estão fazendo com a igreja vai muito além da simples (e saudável) polêmica. Seu desejo é fortalecer os que insistem em seguir a fé bíblica conforme entendida pelo cristianismo histórico. Sem esquecer conservadores, fundamentalistas e puritanos, Augustus traça um panorama do complexo cenário evangélico com a firmeza que lhe é peculiar. A seguir, confira entrevista concedida pelo dr. Augustus Nicodemus à Seu Mundo:

Muitos diriam que as novas tendências do pensamento teológico estão reforçando a igreja, expandindo-a de uma maneira nunca antes vista. O seu livro O que estão fazendo com a igreja discorda. Por quê? 
Porque não se pode pensar em reforço da igreja quando instituições de ensino teológico, teólogos e pastores adotam a mesma teologia e os mesmos métodos liberais de interpretação da Bíblia que fecharam as igrejas da Europa. Se fecharam as igrejas da Europa, o que os faz pensar que não farão o mesmo aqui? Além disso, passando para o campo neopentecostal, lembro que expansão não é necessariamente sinal de saúde e vitalidade espiritual. Existe crescimento e inchaço. o primeiro é fruto da pregação, ensino e divulgação das verdades bíblicas. É aquele crescimento encontrado no livro de Atos, onde é freqüentemente igualado ao crescimento da Palavra (Atos 6:7; 12:24; 19:20). É o aumento da igreja mediante a conversão genuína de pessoas que acolheram a Jesus cristo como único Senhor e Salvador, tendo reconhecido seu próprio estado de perdição e culpa. Já o inchaço é um acréscimo de pessoas que vieram às igrejas por outros motivos, como receber uma bênção material, serem curadas, ter um emprego, resolver um problema amoroso, acabar com o azar na vida delas, serem libertas etc. multidões assim lotam as igrejas evangélicas todos os dias. Todavia, quase nunca são confrontadas com seu estado de pecado e rebelião contra Deus, quase nunca ouvem falar da necessidade de arrependimento e mudança de vida para terem a vida eterna, e raramente ouvem que a salvação e o perdão de pecados são pela graça, mediante a fé, sem as obras da lei e sem quaisquer outros sacrifícios. O que se tem hoje é uma religião das obras, dos sacrifícios, onde a graça é esquecida.

Qual foi o objetivo principal por detrás da publicação de uma obra potencialmente tão controversa?
Provocar a reflexão por parte dos evangélicos brasileiros sobre o estado atual da igreja, que considero alarmante. Ao mesmo tempo, identificar as causas por detrás dessa situação e defender que a manutenção da fé histórica da igreja de cristo teria evitado que chegássemos a esse ponto.

Afinal, o que está acontecendo com a igreja?
Estão em operação dentro da igreja de hoje forças poderosas que a encaminham para uma descaracterização radical como igreja evangélica. Em muitos casos ela está revertendo a uma situação semelhante ao misticismo medieval e do catolicismo romano, do qual a igreja evangélica já se achava liberta. Algo muito parecido com o que Paulo Romeiro e outros vêm alertando há décadas. meu livro se junta a essas vozes numa tentativa de contribuir para uma reflexão nossa sobre o assunto.


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