Para Gondim o movimento evangélico está no final de um ciclo. E isso não é uma leitura pessimista; é natural (característica de final de século). Ele citou três razões para essa afirmação: - Temos uma identidade frágil: O que é ser evangélico? Uma pergunta simples, mas muito difícil de ser respondida. E quando se perde a identidade o "mundo" entra em colapso.- Incapacidade interna de responder questões simples: Os evangélicos têm se contentado em repetir chavões, clichês (modelo ocidental norte-americano). As pessoas estão enfrentado seus dramas - leia na "mesa redonda" (2º título).
Apesar de ainda considerar o Brasil a capital mundial do pentecostalismo, e ressaltar os números do crescimento evangélico na América Latina, o sociólogo Paul Freston afirmou, no evento de comemoração dos 40 anos da revista Ultimato, em Viçosa de 31/7 a 2/8, que, pelas análises das estatísticas, a tendência é que “nunca poderia haver maioria evangélica no Brasil”. Para o estudioso, o “teto” das aspirações evangélicas de crescimento é chegar aos 35% da população.Outro que não deu boa notícia aos cerca de 450 participantes do Encontro de Amigos da Ultimato foi Ricardo Gondim. Afirmou que o movimento evangélico está em “fim de ciclo”, sem identidade (“o que é ser evangélico?”), e “sem condições de responder às questões que realmente são feitas hoje”. De fato, alguns acharam que foram duas boas notícias.Freston defendeu sua tese ao mencionar a existência de uma crise no pentecostalismo, com uma diminuição do crescimento e a falta de prática eclesiástica; afirmar que, de cada dois indivíduos que deixam o catolicismo, apenas um se torna evangélico; e lembrar que a Igreja Católica está aprendendo a lidar com a “concorrência”. O sociólogo previu uma nova relação religiosa entre católicos, em menor número, porém revitalizados qualitativamente, e evangélicos, em grande número porém com tendência à fragmentação. Argumentou ainda que a grande pulverização de um terceiro grupo religioso faz com que haja uma multiplicidade de terceiras opções.O pesquisador elogiou a trajetória da Revista Ultimato: “num contexto em que poucas chegam a 40 anos de existência, ultrapassou esta marca em bom estado de “sáude” e mantendo seus compromissos originais”.Ariovaldo Ramos foi o pregador da noite de celebração a Deus pelo aniversário do periódico e criticou os pastores que “aparelham igrejas para seus próprios interesses”, leu textos bíblicos do Novo Testamento e comentou que se referem a um momento em que Deus “foi expulso do templo” (Lucas 3:1-5) e Jesus “foi mandado embora da igreja” (Apocalipse 3:20 e Mateus 28:16-17). Explicou: Quando o templo é vendido ao Império, Deus vai para o deserto, nomeia João Batista seu sumo-sacerdote, usando peles de carneiro e não vestes talares, e comendo gafanhotos e mel silvestre, ao invés de fausta alimentação das comidas sagradas. Mas conclamou a todos a não abrir mão da igreja e “nunca abrir mão de lutar com Jesus pelo que Jesus sonhou, porque o Espírito continua falando... Independente do púlpito, Deus não desistiu da Igreja.”
Fonte: Agência Soma
Mesa-redonda 3: Oportunidade de ser “cura de almas”
A terceira mesa-redonda do encontro, que aconteceu na noite de sexta-feira, foi constituída pelos pastores Ricardo Gondim e Ricardo Barbosa e moderada por Uriel Heckert. Coube a Gondim iniciar os debates em torno do tema: cura de almas.
Ele enxerga a igreja como uma comunidade terapêutica, apesar de muitas vezes ela não exercer esse papel. O pastor Ricardo afirmou não ter uma visão ufanista do movimento evangélico brasileiro: "Não embarco na proposta positivista do progresso infinito, cumulativo. Isso é um mito e muitos evangélicos têm embarcado nele".
Para Gondim o movimento evangélico está no final de um ciclo. E isso não é uma leitura pessimista; é natural (característica de final de século). Ele citou três razões para essa afirmação: - Temos uma identidade frágil: O que é ser evangélico? Uma pergunta simples, mas muito difícil de ser respondida. E quando se perde a identidade o "mundo" entra em colapso.- Incapacidade interna de responder questões simples: Os evangélicos têm se contentado em repetir chavões, clichês (modelo ocidental norte-americano). As pessoas estão enfrentado seus dramas.- Campanhas: O número de campanhas (ativismo) na igreja evangélica brasileira para muitos tem sido sinal de vitalidade, quando na verdade é fraqueza. Se os pastores tratam os fiéis como consumidores, estes vão sempre procurar pelo mais conveniente (trânsito religioso). Daí as campanhas mirabolantes.
Os que estão dentro deste antigo paradigma tentam resolver o problema com as seguintes respostas:- Resposta piedosa: Precisamos orar mais, fazer maratonas de oração. Será que precisamos realmente aumentar o volume de nossas orações ou repensar o significado de oração?- Resposta ortodoxa: Devemos recuperar a sã doutrina, voltar à reforma.- Resposta pragmática: É a campeã. Importada dos Estados Unidos esta resposta se baseia no visual. Devemos melhorar a faixada da igreja, colocar ar-condicionado…
Mas qual seria a resposta para todas essas inquietações? Não existe uma resposta. A intenção de Gondim é provocar inquietação na futura geração, fazer as pessoas repensarem. Precisamos fazer uma teologia crítica. E é necessário coragem para isso, pois o auditório de nossas igrejas pode esvaziar.
"Quando vamos celebrar o Pai-amoroso?", perguntou o pastor. É mais fácil lidar com um auditório amendrontado. E nós não precisamos de uma espiritualidade que coloque nosso mundo em ordem. "Quando tivermos coragem de fazer teologia crítica seremos como a alvorada de uma bela manhã", encerrou Gondim.
A palavra então foi passada a Ricardo Barbosa que iniciou sua explanação falando que todos temos visto sinais de enfermidade na sociedade. Barbosa baseou sua meditação no texto de Tg 1. 13-15. Para o pastor a força última que motiva o ser humano é o desejo por Deus. Mas se Deus não permanece no centro de nossa vontade, nos entregamos a ilusões e seduções, que no final nos deixam desiludidos. Nos esquecemos do shalom de Deus (novo céu e nova terra, reino do Sermão do Monte).
Pecado é a negação desse shalom. É tudo que exalta o indivíduo e nega a sociedade. E Deus nos convida ao arrependimento e a participar do seu Reino. Mas o pecado vem sendo glamourizado na igreja. Hoje não é errado ser ambicioso e vaidoso. Com isso, o pecado está deixando de ser um conceito teológico e está virando uma doença. "E qual o tratamento para essa doença?", perguntou o Barbosa. Arrependimento e confissão; não remédios.
A raiz de todos os males continua sendo o pecado. E não vemos na igreja arrependimento. Para Barbosa não temos sonhado com o shalom de Deus e sim com igrejas cheias, qualidade de vida, vaidade. Não acreditamos mais no Sermão do Monte.
Ricardo Barbosa encerrou sua participação na mesa-redonda dizendo que precisamos reconsiderar o chamado de Cristo para a igreja:- Encarnação: Pensar no sofrimento da sociedade.- Imitação: Cristo nos chama para sermos e fazermos discípulos.- Missão: Nada substitui a força e o poder do evangelho. A proclamação nos convida à conversão e transformação.
Tags: almas • cura • igreja • mesa redonda • Ricardo Barbosa • Ricardo Gondim
Apesar de ainda considerar o Brasil a capital mundial do pentecostalismo, e ressaltar os números do crescimento evangélico na América Latina, o sociólogo Paul Freston afirmou, no evento de comemoração dos 40 anos da revista Ultimato, em Viçosa de 31/7 a 2/8, que, pelas análises das estatísticas, a tendência é que “nunca poderia haver maioria evangélica no Brasil”. Para o estudioso, o “teto” das aspirações evangélicas de crescimento é chegar aos 35% da população.Outro que não deu boa notícia aos cerca de 450 participantes do Encontro de Amigos da Ultimato foi Ricardo Gondim. Afirmou que o movimento evangélico está em “fim de ciclo”, sem identidade (“o que é ser evangélico?”), e “sem condições de responder às questões que realmente são feitas hoje”. De fato, alguns acharam que foram duas boas notícias.Freston defendeu sua tese ao mencionar a existência de uma crise no pentecostalismo, com uma diminuição do crescimento e a falta de prática eclesiástica; afirmar que, de cada dois indivíduos que deixam o catolicismo, apenas um se torna evangélico; e lembrar que a Igreja Católica está aprendendo a lidar com a “concorrência”. O sociólogo previu uma nova relação religiosa entre católicos, em menor número, porém revitalizados qualitativamente, e evangélicos, em grande número porém com tendência à fragmentação. Argumentou ainda que a grande pulverização de um terceiro grupo religioso faz com que haja uma multiplicidade de terceiras opções.O pesquisador elogiou a trajetória da Revista Ultimato: “num contexto em que poucas chegam a 40 anos de existência, ultrapassou esta marca em bom estado de “sáude” e mantendo seus compromissos originais”.Ariovaldo Ramos foi o pregador da noite de celebração a Deus pelo aniversário do periódico e criticou os pastores que “aparelham igrejas para seus próprios interesses”, leu textos bíblicos do Novo Testamento e comentou que se referem a um momento em que Deus “foi expulso do templo” (Lucas 3:1-5) e Jesus “foi mandado embora da igreja” (Apocalipse 3:20 e Mateus 28:16-17). Explicou: Quando o templo é vendido ao Império, Deus vai para o deserto, nomeia João Batista seu sumo-sacerdote, usando peles de carneiro e não vestes talares, e comendo gafanhotos e mel silvestre, ao invés de fausta alimentação das comidas sagradas. Mas conclamou a todos a não abrir mão da igreja e “nunca abrir mão de lutar com Jesus pelo que Jesus sonhou, porque o Espírito continua falando... Independente do púlpito, Deus não desistiu da Igreja.”
Fonte: Agência Soma
Mesa-redonda 3: Oportunidade de ser “cura de almas”
A terceira mesa-redonda do encontro, que aconteceu na noite de sexta-feira, foi constituída pelos pastores Ricardo Gondim e Ricardo Barbosa e moderada por Uriel Heckert. Coube a Gondim iniciar os debates em torno do tema: cura de almas.
Ele enxerga a igreja como uma comunidade terapêutica, apesar de muitas vezes ela não exercer esse papel. O pastor Ricardo afirmou não ter uma visão ufanista do movimento evangélico brasileiro: "Não embarco na proposta positivista do progresso infinito, cumulativo. Isso é um mito e muitos evangélicos têm embarcado nele".
Para Gondim o movimento evangélico está no final de um ciclo. E isso não é uma leitura pessimista; é natural (característica de final de século). Ele citou três razões para essa afirmação: - Temos uma identidade frágil: O que é ser evangélico? Uma pergunta simples, mas muito difícil de ser respondida. E quando se perde a identidade o "mundo" entra em colapso.- Incapacidade interna de responder questões simples: Os evangélicos têm se contentado em repetir chavões, clichês (modelo ocidental norte-americano). As pessoas estão enfrentado seus dramas.- Campanhas: O número de campanhas (ativismo) na igreja evangélica brasileira para muitos tem sido sinal de vitalidade, quando na verdade é fraqueza. Se os pastores tratam os fiéis como consumidores, estes vão sempre procurar pelo mais conveniente (trânsito religioso). Daí as campanhas mirabolantes.
Os que estão dentro deste antigo paradigma tentam resolver o problema com as seguintes respostas:- Resposta piedosa: Precisamos orar mais, fazer maratonas de oração. Será que precisamos realmente aumentar o volume de nossas orações ou repensar o significado de oração?- Resposta ortodoxa: Devemos recuperar a sã doutrina, voltar à reforma.- Resposta pragmática: É a campeã. Importada dos Estados Unidos esta resposta se baseia no visual. Devemos melhorar a faixada da igreja, colocar ar-condicionado…
Mas qual seria a resposta para todas essas inquietações? Não existe uma resposta. A intenção de Gondim é provocar inquietação na futura geração, fazer as pessoas repensarem. Precisamos fazer uma teologia crítica. E é necessário coragem para isso, pois o auditório de nossas igrejas pode esvaziar.
"Quando vamos celebrar o Pai-amoroso?", perguntou o pastor. É mais fácil lidar com um auditório amendrontado. E nós não precisamos de uma espiritualidade que coloque nosso mundo em ordem. "Quando tivermos coragem de fazer teologia crítica seremos como a alvorada de uma bela manhã", encerrou Gondim.
A palavra então foi passada a Ricardo Barbosa que iniciou sua explanação falando que todos temos visto sinais de enfermidade na sociedade. Barbosa baseou sua meditação no texto de Tg 1. 13-15. Para o pastor a força última que motiva o ser humano é o desejo por Deus. Mas se Deus não permanece no centro de nossa vontade, nos entregamos a ilusões e seduções, que no final nos deixam desiludidos. Nos esquecemos do shalom de Deus (novo céu e nova terra, reino do Sermão do Monte).
Pecado é a negação desse shalom. É tudo que exalta o indivíduo e nega a sociedade. E Deus nos convida ao arrependimento e a participar do seu Reino. Mas o pecado vem sendo glamourizado na igreja. Hoje não é errado ser ambicioso e vaidoso. Com isso, o pecado está deixando de ser um conceito teológico e está virando uma doença. "E qual o tratamento para essa doença?", perguntou o Barbosa. Arrependimento e confissão; não remédios.
A raiz de todos os males continua sendo o pecado. E não vemos na igreja arrependimento. Para Barbosa não temos sonhado com o shalom de Deus e sim com igrejas cheias, qualidade de vida, vaidade. Não acreditamos mais no Sermão do Monte.
Ricardo Barbosa encerrou sua participação na mesa-redonda dizendo que precisamos reconsiderar o chamado de Cristo para a igreja:- Encarnação: Pensar no sofrimento da sociedade.- Imitação: Cristo nos chama para sermos e fazermos discípulos.- Missão: Nada substitui a força e o poder do evangelho. A proclamação nos convida à conversão e transformação.
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