Grupo ligado à Assembléia de Deus planeja criação de partido evangélico que disputaria as próximas eleições de 2010 com uma bancada já formada no Congresso e nas casas legislativas estaduais e municipais.
A participação evangélica na política partidária brasileira sempre foi polêmica. Houve época em que crente não se envolvia em coisas do chamado “mundo secular”. Depois, com a Assembléia Constituinte eleita em 1996, os políticos ligado a igrejas começaram a se articular.
Ninguém se esquece, por exemplo, do fisiologismo demonstrado na época da votação da nova Carta do país, quando deputados crentes integraram o Centrão, bolsão de políticos interesseiros que obteve benesses do poder – como concessões de emissoras de rádio e TV – em troca de votos a favor da prorrogação do mandato do então presidente José Sarney.
Depois, foi a vez de denominações inteiras, como a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), a Igreja do Evangelho Quadrangular e a Assembléia de Deus, estimularem seus membros mais destacados e articulados a concorrer nas eleições federais, estaduais e municipais, com o objetivo de representar o segmento no Congresso Nacional e nas assembléias e câmaras legislativas.
Na 51ª Legislatura federal, por exemplo (1999-2002), deputados e senadores ligados a igrejas eram mais de 50 – quase dez por cento da representatividade política nacional.Agora, com o fim do processo eleitoral municipal, a velha idéia de se criar um partido evangélico parece ganhar força novamente, de olho nas próximas eleições.
O coordenador político da Confederação Nacional dos Evangélicos, pastor Ronaldo Fonseca, já elaborou o estatuto da legenda que pretende lançar a tempo de concorrer em 2010, quando serão escolhidos o novo presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais. Seu alvo principal é o Legislativo. Fonseca, ligado à Assembléia de Deus, adota uma linha de pensamento que coincide em muito com a exposta pelo bispo Edir Macedo, líder da Universal, em seu último livro, Plano de poder:
Deus, os cristãos e a política – oportunamente lançado a poucas semanas do primeiro turno das atuais eleições municipais. Macedo, que já assumiu publicamente o sonho de tornar-se presidente do Brasil, diz na obra que a potencialidade numérica dos evangélicos – estimados em 17% da população nacional – pode decidir qualquer pleito eletivo.
A semelhança de idéias deixa clara a estratégia das diferentes denominações de igrejas evangélicas para recuperar sua bancada no Parlamento, fortemente abalada pelo escândalo dos sanguessugas – o esquema de fraudes em licitações na área da saúde desbaratado pela Polícia Federal, que culminou na prisão do ex-deputado Bispo Rodrigues (PL), outrora responsável pela coordenação política da Universal, bem como diversos outros parlamentares crentes. Nas eleições de 2006, a chamada bancada evangélica sofreu um baque, caindo praticamente à metade.
Na avaliação de estudiosos, o Parlamento é, para os evangélicos, uma fase necessária para cacifar sua bancada em direção a governos estaduais e, eventualmente, à Presidência da República.Mesmo depois da punição pelas urnas em 2006, a representação evangélica é avaliada pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diape) como um dos grupos suprapartidários mais organizados do Congresso.
Estão representadas no Congresso denominações como a Igreja do Evangelho Quadrangular, a Assembléia de Deus, a Sara Nossa Terra e a Igreja Batista, além da Universal. Os deputados ligados a estes igrejas têm presença forte nas comissões permanentes da Câmara, sobretudo na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, que cuida, entre outros assuntos, das concessões para emissoras de rádio e televisão – principal interesse de muitas igrejas, que não por acaso costumam indicar seus radialistas e pregadores midiáticos como candidatos.
“Para eleger seus candidatos, toda a estrutura da igreja é acionada, sobretudo no caso da Universal”, explica o antropólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e especialista em religiões Ari Pedro Oro. Para ele, o desempenho do PRB, legenda com maior percentual de evangélicos no Congresso, é prova do poder do “carisma institucional” da igreja liderada por Macedo nas urnas. “A Iurd inaugurou uma forma de fazer política que vem sendo copiada pelas demais denominações evangélicas e, mais recentemente, até mesmo pela Igreja Católica.
Faz-se política no púlpito, prega-se a fidelidade e o voto no candidato escolhido pela cúpula da denominação. As outras igrejas a condenam, mas a imitam”, frisa o estudioso. Três outros grandes grupos neopentecostais, a Igreja Internacional da Graça de Deus, a Igreja Mundial do Poder de Deus e a Igreja Apostólica Renascer em Cristo, têm seguido o figurino.De acordo com o pastor Ronaldo Fonseca, é justamente para escapar da influência do que chama de “máquina eleitoral” da Iurd que a Assembléia de Deus pretende percorrer caminho próprio na política ao apoiar a legenda ainda em gestação, o Partido Republicano Cristão (PRC).
Na avaliação do religioso, futuro presidente da legenda, será possível aproveitar uma brecha da legislação eleitoral que permite políticos migrarem para siglas recém-criadas sem sofrer punição, o que contornaria eventuais dificuldades pela falta de representatividade nas Casas legislativas. “Neste cenário, será possível contar, já de início, com um corpo de 920 vereadores, nove deputados federais e 27 estaduais”, contabiliza Fonseca. “É o suficiente para chegar em 2010 com uma máquina forte e competitiva, e com uma representação à altura da Assembléia de Deus”, diz.
A denominação, com mais de 10 milhões de fiéis em todo o país, é o maior grupo protestante nacional, e completa 100 anos de atividades em 2011. Ronaldo Fonseca afirma que não usará os mesmos “artifícios” que, no seu entender, seriam adotados pela Iurd para eleger seus parlamentares: campanha nos púlpitos, na porta das igrejas e escolha de candidatos de cima para baixo, escolhidos pelos bispos e impostos aos membros.
“A escolha de pessoas despreparadas acabou penalizando não só a Igreja Universal como toda a comunidade evangélica”, avalia. “Vamos apostar em lideranças políticas autênticas, que emergem da comunidade por seus valores e seu talento, em vez de selecionar simplesmente entre quem tem mais influência entre o eleitorado.”
A participação evangélica na política partidária brasileira sempre foi polêmica. Houve época em que crente não se envolvia em coisas do chamado “mundo secular”. Depois, com a Assembléia Constituinte eleita em 1996, os políticos ligado a igrejas começaram a se articular.
Ninguém se esquece, por exemplo, do fisiologismo demonstrado na época da votação da nova Carta do país, quando deputados crentes integraram o Centrão, bolsão de políticos interesseiros que obteve benesses do poder – como concessões de emissoras de rádio e TV – em troca de votos a favor da prorrogação do mandato do então presidente José Sarney.
Depois, foi a vez de denominações inteiras, como a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), a Igreja do Evangelho Quadrangular e a Assembléia de Deus, estimularem seus membros mais destacados e articulados a concorrer nas eleições federais, estaduais e municipais, com o objetivo de representar o segmento no Congresso Nacional e nas assembléias e câmaras legislativas.
Na 51ª Legislatura federal, por exemplo (1999-2002), deputados e senadores ligados a igrejas eram mais de 50 – quase dez por cento da representatividade política nacional.Agora, com o fim do processo eleitoral municipal, a velha idéia de se criar um partido evangélico parece ganhar força novamente, de olho nas próximas eleições.
O coordenador político da Confederação Nacional dos Evangélicos, pastor Ronaldo Fonseca, já elaborou o estatuto da legenda que pretende lançar a tempo de concorrer em 2010, quando serão escolhidos o novo presidente da República, governadores, senadores e deputados federais e estaduais. Seu alvo principal é o Legislativo. Fonseca, ligado à Assembléia de Deus, adota uma linha de pensamento que coincide em muito com a exposta pelo bispo Edir Macedo, líder da Universal, em seu último livro, Plano de poder:
Deus, os cristãos e a política – oportunamente lançado a poucas semanas do primeiro turno das atuais eleições municipais. Macedo, que já assumiu publicamente o sonho de tornar-se presidente do Brasil, diz na obra que a potencialidade numérica dos evangélicos – estimados em 17% da população nacional – pode decidir qualquer pleito eletivo.
A semelhança de idéias deixa clara a estratégia das diferentes denominações de igrejas evangélicas para recuperar sua bancada no Parlamento, fortemente abalada pelo escândalo dos sanguessugas – o esquema de fraudes em licitações na área da saúde desbaratado pela Polícia Federal, que culminou na prisão do ex-deputado Bispo Rodrigues (PL), outrora responsável pela coordenação política da Universal, bem como diversos outros parlamentares crentes. Nas eleições de 2006, a chamada bancada evangélica sofreu um baque, caindo praticamente à metade.
Na avaliação de estudiosos, o Parlamento é, para os evangélicos, uma fase necessária para cacifar sua bancada em direção a governos estaduais e, eventualmente, à Presidência da República.Mesmo depois da punição pelas urnas em 2006, a representação evangélica é avaliada pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diape) como um dos grupos suprapartidários mais organizados do Congresso.
Estão representadas no Congresso denominações como a Igreja do Evangelho Quadrangular, a Assembléia de Deus, a Sara Nossa Terra e a Igreja Batista, além da Universal. Os deputados ligados a estes igrejas têm presença forte nas comissões permanentes da Câmara, sobretudo na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, que cuida, entre outros assuntos, das concessões para emissoras de rádio e televisão – principal interesse de muitas igrejas, que não por acaso costumam indicar seus radialistas e pregadores midiáticos como candidatos.
“Para eleger seus candidatos, toda a estrutura da igreja é acionada, sobretudo no caso da Universal”, explica o antropólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e especialista em religiões Ari Pedro Oro. Para ele, o desempenho do PRB, legenda com maior percentual de evangélicos no Congresso, é prova do poder do “carisma institucional” da igreja liderada por Macedo nas urnas. “A Iurd inaugurou uma forma de fazer política que vem sendo copiada pelas demais denominações evangélicas e, mais recentemente, até mesmo pela Igreja Católica.
Faz-se política no púlpito, prega-se a fidelidade e o voto no candidato escolhido pela cúpula da denominação. As outras igrejas a condenam, mas a imitam”, frisa o estudioso. Três outros grandes grupos neopentecostais, a Igreja Internacional da Graça de Deus, a Igreja Mundial do Poder de Deus e a Igreja Apostólica Renascer em Cristo, têm seguido o figurino.De acordo com o pastor Ronaldo Fonseca, é justamente para escapar da influência do que chama de “máquina eleitoral” da Iurd que a Assembléia de Deus pretende percorrer caminho próprio na política ao apoiar a legenda ainda em gestação, o Partido Republicano Cristão (PRC).
Na avaliação do religioso, futuro presidente da legenda, será possível aproveitar uma brecha da legislação eleitoral que permite políticos migrarem para siglas recém-criadas sem sofrer punição, o que contornaria eventuais dificuldades pela falta de representatividade nas Casas legislativas. “Neste cenário, será possível contar, já de início, com um corpo de 920 vereadores, nove deputados federais e 27 estaduais”, contabiliza Fonseca. “É o suficiente para chegar em 2010 com uma máquina forte e competitiva, e com uma representação à altura da Assembléia de Deus”, diz.
A denominação, com mais de 10 milhões de fiéis em todo o país, é o maior grupo protestante nacional, e completa 100 anos de atividades em 2011. Ronaldo Fonseca afirma que não usará os mesmos “artifícios” que, no seu entender, seriam adotados pela Iurd para eleger seus parlamentares: campanha nos púlpitos, na porta das igrejas e escolha de candidatos de cima para baixo, escolhidos pelos bispos e impostos aos membros.
“A escolha de pessoas despreparadas acabou penalizando não só a Igreja Universal como toda a comunidade evangélica”, avalia. “Vamos apostar em lideranças políticas autênticas, que emergem da comunidade por seus valores e seu talento, em vez de selecionar simplesmente entre quem tem mais influência entre o eleitorado.”
Fonte: http://www.cristianismohoje/
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